Título: VENDA DA INDÚSTRIA DO RIO RECUA 21%
Autor:
Fonte: O Globo, 31/10/2006, Economia, p. 26

Apesar do resultado de setembro, confiança do empresariado cresceu

Com desempenho negativo devido à queda nas exportações, o setor químico foi o principal responsável pela redução de 21% nas vendas reais da indústria fluminense no mês de setembro. O recuo, livre de influências sazonais frente a agosto, indica uma continuidade do ritmo lento da atividade industrial, de acordo com avaliação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), responsável pela elaboração do indicador.

Em relação a setembro do ano passado, houve uma redução de 2,7% nas vendas reais e, nos primeiros nove meses deste ano, a queda já é de 7,1% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar dos resultados, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de outubro, também medido pela Firjan, mostra um moderado aumento da confiança do empresário fluminense.

Expectativas otimistas quanto ao futuro

As vendas reais do setor químico ¿ segmento de maior peso na atividade industrial do Rio ¿ ficaram 36,92% abaixo das registradas em agosto. Outro segmento que contribuiu para o desempenho ruim foi o de produtos alimentares (queda de 20,99% nas vendas), afetado pelo término da safra de cana-de-açúcar.

Os indicadores de emprego e salário também apresentaram taxas desfavoráveis em setembro na indústria fluminense. As horas trabalhadas recuaram 3,3% na série ajustada, sobre agosto. O pessoal ocupado caiu 0,5%, e a massa de salários manteve-se estável, na mesma base de comparação.

De acordo com relatório da Firjan, para que a retomada do setor se dê de modo sustentado, são necessárias a realização da reforma fiscal e a remoção ¿dos obstáculos a um ambiente favorável ao investimento privado¿.

O empresário fluminense, apesar desse cenário, está mais otimista. O Icei, em outubro, aumentou para 53,7 pontos ante os 52,8 pontos na medição anterior, de julho. A expectativa do empresariado é melhor ainda num horizonte futuro, de seis meses: o otimismo chega aos 57,9 pontos. Esse indicador varia de zero a cem pontos, e valores acima de 50 pontos indicam expectativas positivas.

Segundo Luciana de Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Firjan, a aparente contradição entre os indicadores de atividade e de confiança tem explicação na disposição anunciada do governo reeleito de promover o crescimento, com expectativas de continuidade da queda dos juros, expansão do crédito, realização de reformas, entre outros.