Título: Temer: maioria do PMDB quer coalizão
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/11/2006, O País, p. 8

Partido faz consulta a bases e a líderes

BRASÍLIA. Antes mesmo de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizar oficialmente uma proposta de participação no governo, os principais dirigentes do PMDB já consultam as bases e os líderes regionais do partido sobre a melhor posição a adotar. O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que apoiou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, está centralizando o processo de consulta e afirma que a maioria quer apoiar o segundo mandato de Lula.

Temer tem dado prioridade aos contatos com peemedebistas que não apoiaram a reeleição do presidente Lula.

¿ A maioria do partido quer apoiar o governo Lula se for para integrar um governo de coalizão, como tem defendido o presidente da República. Nesses termos, é possível que o partido apóie majoritariamente o governo ¿ disse ontem Temer.

Temer consultou os governadores eleitos Sérgio Cabral (RJ), Luiz Henrique (SC) e André Puccinelli (MS). Destes, apenas Cabral declarou apoio a Lula. Os senadores eleitos Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF) ¿ do grupo que apoiou Alckmin ¿ também conversaram com Temer sobre a possível participação do partido no governo.

Nessas conversas, Temer detectou que ainda há resistências. Mas integrantes da direção avaliam que elas não são suficientes para impedir a disposição da maioria. Uma preocupação que agora está mais evidente no PMDB é que a composição com o governo Lula não pareça à opinião pública uma adesão fisiológica ¿ e sim um acordo programático de compromisso com a governabilidade e o crescimento econômico.

¿ O fundamental para o PMDB é assumir a responsabilidade pela execução de políticas públicas em setores do governo. Se isso ocorrer, o PMDB estará governando junto ¿ afirmou Temer.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que esta fase de consultas tem sido fundamental para reunificar o partido. Sua avaliação é a de que o PMDB deve aguardar ser chamado pe Lula, para que ele defina o espaço do partido. Renan informou que convocará uma reunião do conselho político tão logo o presidente apresente uma proposta.