Título: Lula quer Tarso ou Dulci na presidência do PT
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/11/2006, O País, p. 8

Presidente já decidiu atrelar a reforma ministerial que fará a uma solução para o comando do partido

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende atrelar a reforma ministerial a uma solução para o comando do PT. Embora não esteja ainda tratando de nomes. Isso porque peças importantes do PT no Planalto poderão ser deslocadas para assumir o comando do partido a partir de abril do ano que vem, no lugar de Marco Aurélio Garcia. Nos bastidores, Lula já manifestou preferência por dois nomes para presidir o PT: os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Tarso Genro (Relações Institucionais).

Mais do que nunca, Lula ¿ que ontem se encontrou com os governadores eleitos do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) ¿ considera a presidência do PT peça fundamental para a harmonia do seu futuro governo. Por isso, quer influir diretamente na escolha da nova direção. Tarso poderia ser uma opção. Mas primeiro teria de superar a resistência do grupo de José Dirceu, que ainda tem grande força no Campo Majoritário.

Dulci tem um perfil mais conciliador

Outra opção, Dulci tem um perfil mais conciliador e a confiança de Lula. Com a abertura de uma vaga no Planalto, Lula já teria manifestado a vontade de levar para Brasília o governador do Acre, Jorge Viana (PT). Reabilitado com a vitória de Lula no estado, no segundo turno, Viana é visto por Lula como um conciliador e com capacidade política de negociar com a base governista e também com setores da oposição.

Contrariado com as pressões de aliados e petistas por espaço no segundo mandato, Lula mandou ontem recados de que não vai aceitar entrar no varejo político para tratar da reforma ministerial. Ele já decidiu que o PMDB terá um espaço maior, para conquistar cerca de 80% do partido. Mas avisou que será cauteloso e evitará aliados com pouca capacidade política ou com perfil ético duvidoso.

O presidente considera que a composição com o PMDB deve incluir as presidências da Câmara e do Senado, o que aliviaria a pressão por mais ministérios. Na cota de José Sarney, por exemplo, pode ser indicada a senadora Roseana Sarney (PFL-MA). O baiano Geddel Vieira Lima poderia ser o representante do PMDB da Câmara no primeiro escalão. Ele é cotado para o Ministério da Integração Nacional, com o apoio do governador eleito, Jaques Wagner (PT-BA). O ministro das Comunicações, Hélio Costa, permaneceria.

Lula precisará conter o apetite dos partidos menores. Ontem, enquanto Eduardo Campos (PSB) usava um tom cauteloso, a base cobrava mais espaço no ministério.

¿ Queremos mais protagonismo e aumentar a nossa presença no segundo governo ¿ avisou o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

Mas, pelos planos de Lula, a única forma de o PSB crescer no primeiro escalão é com a presença do deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) no Ministério da Saúde. Mas ele já teria ouvido de Ciro o desejo de ficar na Câmara.

COLABORARAM Ilimar Franco e Cristiane Jungblut

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