Título: Justiça Federal manda soltar chefe da máfia
Autor: Chico de Gois
Fonte: O Globo, 01/11/2006, O País, p. 12

Luiz Antonio Vedoin estava preso desde 15 de setembro em Cuiabá; TRF diz que houve `excesso de prazo¿

CUIABÁ. A Justiça Federal concedeu ontem hábeas-corpus para soltar o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia das ambulâncias, que estava preso desde 15 de setembro, dia em que também foram detidos o ex-policial federal Gedimar Passos e o petista Valdebran Padilha num hotel em São Paulo. Os dois tentavam comprar, por R$1,7 milhão, dossiê feito por Vedoin, dono da Planam, contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra.

Por unanimidade, a terceira turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, seguiu o voto do relator, desembargador Cândido Ribeiro, que apontou ¿excesso de prazo¿ na prisão do empresário. O voto do relator foi acompanhado pelos juízes federais Jamil Rosa de Jesus e Maria Lúcia Gomes de Souza.

Vedoin foi preso a pedido da PF, que entendeu que ele estaria descumprindo o acordo para a delação premiada. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostraram que Vedoin negociava o dossiê com os petistas e com o empresário Abel Pereira, amigo do ex-ministro da Saúde Barjas Negri (PSDB).

Segundo os desembargadores, Vedoin estava detido há mais de 45 dias ¿sem notícia de oferecimento de denúncia, tampouco da conclusão das investigações e, ainda, sem que se possa atribuir à defesa a demora na conclusão das investigações¿. O relator do processo entendeu que havia constrangimento indevido do acusado.

Novo prazo para inquérito do dossiê vai até dia 21

O fax autorizando a soltura chegou à Justiça Federal em Mato Grosso às 17h17m e Vedoin deixou a prisão por volta das 19h30m. Na saída, sua mulher o aguardava. Perguntado se confirmava a participação de Abel na tentativa de comprar o dossiê, o empresário respondeu:

¿ Lógico que confirmo.

Na semana passada, a Polícia Federal obteve do juiz da 2ª Vara Federal no Mato Grosso, Jefferson Schneider, autorização para prorrogação do inquérito sobre o dossiê. O novo prazo vence em 21 de novembro.

Para o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelo inquérito, a soltura de Vedoin não interfere nas investigações. Nesta semana, a PF deve ouvir novamente o depoimento de Hamilton Lacerda, ex-coordenador de Comunicação da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo. Ele deverá ser indiciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Lacerda é acusado de levar a Gedimar e Valdebran o dinheiro que seria pago a Vedoin pelo dossiê.

Em seu primeiro depoimento, Lacerda, que foi flagrado por câmeras, negou ter levado dinheiro para Gedimar.