Título: BANCO MUNDIAL FAZ ALERTA À AL SOBRE REMESSAS
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 01/11/2006, Economia, p. 28

Dinheiro enviado por migrantes não deve substituir políticas de desenvolvimento na região, diz Bird

WASHINGTON. O Banco Mundial (Bird) emitiu ontem um alerta aos governos da América Latina, dizendo que os bilhões de dólares recebidos anualmente por eles ¿ enviados por trabalhadores que migraram para os EUA, o Japão e a Europa ¿ ¿não são um maná dos deuses nem um substituto para as políticas de desenvolvimento estável¿.

O recado era claro. As remessas, segundo o Bird, servem como uma ferramenta para o desenvolvimento, pois se tornaram numa grande fonte de financiamento; mas, sem sólidos programas de investimento e uma firme gestão da macroeconomia, esse dinheiro será desperdiçado. Um dos efeitos negativos é que as remessas reduzem a força de trabalho nos países que as recebem, sem contar que são resultado de uma fuga de cérebros.

O principal aspecto dessa advertência ¿ contida no informe ¿Perto de Casa: o Impacto das Remessas sobre o Desenvolvimento na América Latina¿ ¿ é que, embora positivo, o impacto das transferências é modesto na maioria dos casos.

¿Para cada aumento de um ponto percentual, provocado pelas remessas no Produto Interno Bruto (PIB), a fração da população que vive na pobreza é reduzida em cerca de 0,4%. Ao mesmo tempo, um salto de 1,6% do PIB referente a esses fluxos de receita, entre 1991 e 2005, resultou no aumento de 0,27% no crescimento do PIB per capita¿, diz o documento, referindo-se à América Latina como um todo.

A divulgação do estudo foi programada para coincidir com a realização da Cúpula Ibero-Americana, em Montevidéu, nos dias 4 e 5 de novembro, cujo tema central será ¿Migração e Desenvolvimento¿. No ano passado os trabalhadores enviaram à região US$48,3 bilhões ¿ o equivalente a 70% do investimento direto estrangeiro.

¿ Esse dinheiro ajuda famílias pobres a enfrentarem os choques econômicos negativos, aumenta a sua poupança e mantém as crianças na escola. Para maximizar os benefícios, os governos precisam melhorar o ambiente de negócios, incluir os migrantes e suas famílias no sistema bancário e cuidar das possíveis reduções na oferta de mão-de-obra e da supervalorização da taxa de câmbio real ¿ disse Pablo Fajnzylber, economista do Bird.