Título: MAIS DE 400 MIL PRISIONEIROS MORTOS EM 30 ANOS
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 01/11/2006, O Mundo, p. 34

Segundo documento produzido por ONG dos EUA, 200 mil estão em campos de trabalho forçado

PEQUIM. Mais de 400 mil pessoas foram mortas nas prisões norte-coreanas nos últimos 30 anos, segundo um documento divulgado na segunda-feira pelo ex-presidente da República Checa Vaclav Havel, pelo ex-primeiro-ministro da Noruega Kjell Magne Bondevik e pelo prêmio Nobel da Paz de 1986, Eli Wiesel.

O documento acusa o regime stalinista de Kim Jong-il de ter cometido ¿crimes contra a Humanidade¿ sobre seu próprio povo. Descreve ainda o tratamento brutal que o governo impõe a seu povo, que inclui a tortura, a violência contra mulheres grávidas para que abortem e a execução de prisioneiros políticos.

A denúncia foi feita após o encarregado especial da ONU para Direitos Humanos na Coréia do Norte, Vitit Muntarbhorn, ter afirmado na semana passada que os prisioneiros enviados para campos fora da capital Pyongyang são submetidos a ¿condições desumanas¿.

¿Está claro que Kim Jong-il e o governo norte-coreano estão cometendo crimes contra a Humanidade de forma ativa e sistemática, numa clara violação das leis internacionais¿, diz um trecho da carta de apresentação do informe, feito pela ONG Comitê Americano para os Direitos Humanos na Coréia do Norte, assinada por Havel, Bondevik e Wiesel.

Na carta, os três afirmam ainda que o Conselho de Segurança da ONU ¿deveria adotar uma resolução exigindo o acesso livre ao país de agentes humanitários, além da liberação de todos os prisioneiros políticos e a fiscalização de organismos de direitos humanos da ONU¿. De acordo com o documento, Pyongyang tem mais de 200 mil pessoas presas em gulags, prisões de trabalho forçado no interior do país, semelhantes às que existiam na antiga União Soviética.