Título: PESQUISA MOSTRA BUSH COMO AMEAÇA À PAZ
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Fonte: O Globo, 04/11/2006, O Mundo, p. 35

Maioria dos britânicos considera presidente americano mais perigoso do que Kim Jong-Il e Ahmadinejad

LONDRES e WASHINGTON. Às vésperas da eleição que pode mudar o quadro político americano e em meio à luta para fazer com que a campanha do Iraque não tire dos republicanos a maioria no Congresso, o presidente dos EUA, George W. Bush, descobriu que se tivesse que melhorar sua imagem no exterior, especialmente entre os britânicos, para obter mais votos, estaria numa situação ainda pior. Uma pesquisa internacional encomendada por jornais de vários países, divulgada ontem, mostra que os britânicos consideram que Bush é mais perigoso para o mundo do que o líder norte-coreano, Kim Jong-Il, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

A enquete foi encomendada pelos jornais ¿The Guardian¿ (Reino Unido), ¿Haaretz¿ (Israel), ¿La Presse¿, ¿Toronto Star¿ (ambos do Canadá) e ¿Reforma¿, do México.

Mais 8 militares dos EUA mortos no Iraque

No caso do Reino Unido, país tradicionalmente aliado aos EUA, 75% dos entrevistados dizem acreditar que Bush é um perigo para a paz mundial. Entre os entrevistados, 69% afirmaram que o presidente americano é mais perigoso do que Kim Jong-Il, 65% acham que é mais perigoso do que o líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, e 62% fazem a mesma afirmação em relação ao presidente do Irã. Bush é superado apenas pelo líder da rede terrorista al-Qaeda, Osama bin Laden, que é considerado por 87% como o mais perigoso.

No Reino Unido, 69% acreditam que a política externa dos EUA transformou o mundo em um lugar menos seguro após o 11 de Setembro, enquanto 62% acham o mesmo no Canadá, 52% no México, e 36% em Israel.

A guerra do Iraque também foi tema da pesquisa, elaborada pela empresa ICM, e que ouviu, por telefone, 1.010 britânicos, 1.007 canadenses, 1.078 israelenses e 1.010 mexicanos. Entre os britânicos, 71% consideram que a invasão do país não foi justificada, opinião compartilhada por 89% dos mexicanos e 73% dos canadenses. Em Israel, apenas 34% compartilharam da mesma opinião.

A rejeição à guerra no Iraque, no entanto, também é grande entre os americanos e fez Bush, a quatro dias das eleições, partir para o ataque, ontem. O presidente desafiou os democratas a elaborarem um plano para a vitória.

¿ Qual é o plano de vocês? Espero que tenham um, pois nós temos ¿ disse o presidente num comício em Springfield, no Missouri, onde também aproveitou as notícias sobre redução do desemprego para atacar seus opositores.

Apesar do tom desafiante sobre o Iraque, as notícias que chegaram de Bagdá dão ainda mais munição para a ofensiva democrata. Nos últimos dois dias, oito militares americanos morreram em vários ataques no país, três deles em Bagdá, cujo veículo foi atingido por uma bomba, e cinco fuzileiros na província de Anbar ¿ foco da revolta sunita ¿ atacados a tiros por insurgentes, que fugiram em seguida.

A polícia também anunciou que encontrou 56 corpos num período de 24 horas de anteontem para ontem em vários bairros da periferia de Bagdá. Muitos tinham marcas de tortura e mutilações. Entre as vítimas havia mulheres e adolescentes.