Título: SECRETÁRIO DO TESOURO: `PASSOU TEMPO DO TEMOR¿
Autor: Isabel Braga e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 02/11/2006, O País, p. 4

Carlos Kawall diz que não há motivo para temer medidas fiscais estudadas pelo governo

BRASÍLIA. O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou ontem que não há motivo para temor do mercado ou da sociedade em relação às medidas fiscais que estão em estudo na equipe econômica. Segundo ele, o que está havendo é um debate sobre a política fiscal, que deve focar cada vez mais na qualidade dos gastos públicos e no tamanho da carga tributária do país.

¿ Nós já passamos do tempo de temor, de solavanco, de surpresa, de pacote. Isso é uma coisa que já faz parte do nosso passado há algum tempo. Não há nenhum motivo para intranqüilidade ¿ disse Kawall.

Ele destacou que a execução fiscal de 2006 está dentro das metas definidas para o ano. O superávit primário (economia para pagamento de juros) do setor público em 12 meses está em 4,28% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que a meta para o ano é de 4,25%. Segundo Kawall, não há qualquer medida drástica a ser tomada agora para alcançar o resultado esperado.

¿ A execução (fiscal) continua sendo dentro do planejado, a condução da política continua sendo dentro do planejado. Nós estamos caminhando para o cumprimento da meta fiscal. Se fosse necessário, nós poderíamos vir a fazer (corte de gastos). Mas não há nada previsto de nenhum ajuste mais drástico ¿ afirmou Kawall.

Cenário é favorável à redução das taxas de juros, diz

O secretário também disse que o cenário atual é favorável à redução das taxas de juros, pois o risco de inflação está baixo. Segundo ele, a solidez das contas externas e a queda dos preços das commodities contribuíram para esse quadro.

¿ O cenário para o ano que vem é de risco inflacionário baixo. Boa parte da inércia da inflação já foi debelada, não temos grandes aumentos tarifários esperados como no passado. Inflação cadente ajuda na queda das taxas de juros e também reduz a volatilidade ¿ afirmou o secretário.

Segundo o secretário, a estratégia de administração da dívida pública em 2007 será alongar o prazo e aumentar a parcela corrigida por papéis prefixados. Kawall disse que, a partir do ano que vem, o Tesouro passará a emitir títulos prefixados com vencimento de dez anos (NTN-Fs), maior prazo possível desse tipo de papel.