Título: Bancada do PT também se divide sobre rumos da política econômica
Autor: Isabel Braga e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 02/11/2006, O País, p. 4

Líder: `Foi vitoriosa no primeiro mandato, mas é insuficiente no segundo¿

BRASÍLIA. O dilema entre acelerar o crescimento no segundo mandato do presidente Lula ou manter a receita conservadora divide a bancada do PT no Congresso, embora todos digam que não se pode pôr em risco as conquistas da política econômica. Como no governo, os parlamentares petistas se dividem entre os defensores da política implementada pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os que se alinham ao seu sucessor, Guido Mantega, que tem respaldo da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O líder da bancada do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), alinhado aos gaúchos Tarso Genro (Relações Institucionais) e Dilma, disse ontem que o controle mais rígido da inflação foi necessário mas agora o momento é de acelerar o crescimento.

¿ A política econômica do governo Lula foi vitoriosa no primeiro mandato, mas é insuficiente no segundo mandato ¿ disse Fontana, defendendo a permanência de Mantega, mas desconversando sobre Meirelles.

Mercadante defende Meirelles

Do outro lado do Congresso, no Senado, o líder do governo, Aloizio Mercadante (SP), defendeu Meirelles:

¿ É uma profunda injustiça do próprio PT não reconhecer que o trabalho do Palocci e do Meirelles foi fundamental para a nossa vitória.

Na visão de Mercadante, os resultados da política econômica deram sustentação às políticas sociais, permitindo ao governo reduzir a inflação e a pobreza, além de elevar o nível de emprego. Para ele, o desafio do novo mandato é atacar de frente a questão fiscal, já que é preciso aumentar os investimentos, sem que a carga tributária cresça mais:

¿ Tem que haver um esforço fiscal. O debate sobre esse tema tem que ser feito com transparência e seriedade.

O deputado Carlito Merss (PT-SC), da ala que defende o que chama de crescimento com responsabilidade, pediu a permanência da equipe econômica como está hoje. Já o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), evita expor as divergências, mas defendeu a gestão de Palocci.

¿ Houve conquistas importantes na política econômica do primeiro governo Lula, com as escolhas feitas. E essas conquistas, agora, permitirão que a gente cumpra com a exigência de um maior crescimento e geração de empregos. Hoje, temos maiores e melhores condições para que isso aconteça ¿ disse Chinaglia.