Título: LACERDA REAGE ÀS CRÍTICAS DE REVISTA
Autor:
Fonte: O Globo, 02/11/2006, O País, p. 12

Diretor da PF diz que delegado não pode ser censurado em interrogatório

BRASÍLIA. O diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, reagiu ontem às criticas da revista ¿Veja¿ ao delegado Moysés Eduardo Ferreira, encarregado das investigações sobre o suposto envolvimento de policiais federais numa manobra para facilitar um encontro reservado entre Gedimar Passos e Freud Godoy. Segundo Lacerda, a revista não pode escolher as perguntas que um delegado pode fazer num interrogatório. Em nota divulgada terça-feira, ¿Veja¿ protestou contra o comportamento do delegado durante o interrogatório conduzido por Ferreira.

¿ A PF deve ser censurada em seus questionamentos? Isso você pode perguntar, aquilo você não pode perguntar? ¿ questionou Lacerda.

Segundo ele, a PF abriu inquérito para investigar a denúncia da revista.

¿ Após ouvir os policiais, a PF haveria de ouvir também a contribuição daqueles que têm o compromisso com o fato, com a verdade. Foi isso que a PF fez, intimou as pessoas que são repórteres e foi ouvi-las na presença de uma advogada e do Ministério Público.

Ele disse que, se a revista fizer uma representação formal, a PF abrirá outra investigação:

¿ A PF tem um compromisso com a apuração da verdade, assim como a imprensa também tem. Sem partido e sem paixão.

O presidente da Federação dos Policiais Federais, Francisco Garisto, divulgou carta endereçada ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, criticando Moysés Ferreira e defendendo os jornalistas. ¿A Constituição que garante a prerrogativa da Polícia Federal para ouvir pessoas é a mesma Constituição que garante o sigilo da fonte para o jornalista poder noticiar o que lhe é narrado por fontes diversas. Se assim não fosse, os grandes escândalos nacionais, que são infinitos e os mais variados possíveis talvez nunca seriam descobertos e seus autores estariam usufruindo de uma impunidade infinitamente maior da que já usufruem hoje. Encerro dizendo que prefiro uma imprensa que publique a notícia sabendo que se errar pagará pelos seus erros na forma legal, do que não ter uma imprensa livre para noticiar, como tínhamos há pouco tempo receita de bolo como manchete de capa¿.