Título: PROCURADORA DIZ QUE NÃO HOUVE INTIMIDAÇÃO
Autor:
Fonte: O Globo, 02/11/2006, O País, p. 13

Direção da revista contesta e afirma que jornalistas se sentiram, sim, intimidados

SÃO PAULO. A procuradora da República Elizabeth Mitiko Kobayashi, que acompanhou o depoimento dos três jornalistas da revista ¿Veja¿ ao delegado Moysés Eduardo Ferreira, anteontem, na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, divulgou nota afirmando que não houve ¿qualquer ato de intimidação por parte da PF¿ durante o interrogatório e que, se isso tivesse acontecido, ¿teria provocado imediata reação¿ dela.

A procuradora disse que os jornalistas foram ouvidos apenas como testemunhas, em ¿procedimento de controle externo das atividades da Polícia Federal¿ aberto pelo Ministério Público Federal para investigar se houve conduta indevida dos policiais. A revista denunciou uma operação abafa, dizendo ter havido encontro clandestino de Freud Godoy com Gedimar Passos, que estava preso na PF, para que este mudasse o depoimento em que incriminava o ex-assessor de Lula na compra do dossiê contra tucanos.

A procuradora diz que houve imperfeições nos depoimentos, mas que foram corrigidas. ¿Embora as imperfeições ocorridas durante a redução a termo dos depoimentos tenham sido corrigidas e que, no meu entendimento pessoal, não tenha havido qualquer ato de intimidação por parte da PF, o que teria provocado imediata reação de minha parte, o MPF está aberto a receber qualquer comunicação formal por parte da revista `Veja¿¿.

O Ministério Público Federal em São Paulo e a Associação Nacional dos Procuradores da República também divulgaram notas. O MP disse que instaurou procedimento de controle externo das atividades da PF para apurar se houve ou não a denominada operação abafa, denunciada na edição 1.978 da revista, e que a procuradora não entraria em pormenores das declarações dos jornalistas porque o caso está sob sigilo.

Já a ANPR diz que as ¿irregularidades denunciadas pela `Veja¿ foram prontamente apontadas e sanadas no curso dos depoimentos, da maneira detalhada na nota emitida pela revista. A ANPR registra que a procuradora agiu dentro dos limites de suas funções como membro do Ministério Público Federal, no exercício legítimo da atividade de controle externo e acompanhamento do inquérito policial em curso¿.

A direção de ¿Veja¿ contestou a nota da procuradora da República. Disse que ela ¿não desmentiu nenhum fato objetivo relatado pela revista¿ e que ficou evidente que o MPF ¿não sanou o principal problema dos depoimentos, que foi o fato de não poderem se comunicar com seus advogados¿. A direção da revista disse que, ¿no entendimento dos repórteres, porém, pela forma como os depoimentos foram conduzidos, eles foram, sim, intimidados¿.