Título: EMIR SADER É CONDENADO POR CALUNIAR BORNHAUSEN
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Fonte: O Globo, 02/11/2006, O País, p. 13

Sentença determina prisão de sociólogo em regime semi-aberto e perda da função pública

SÃO PAULO. Em processo movido pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e sociólogo Emir Sader foi condenado ontem à prisão, em regime aberto, e à perda da função pública por calúnia. Em artigo publicado no site ¿Carta Maior¿, em agosto do ano passado, Sader acusou Bornhausen de agir de forma racista e de discriminar ¿negros, pobres, sujos e brutos¿. O texto era uma resposta à declaração do senador, de que o país precisava ¿livrar-se dessa raça¿, numa referência ao PT e aos petistas. A sentença é do juiz Rodrigo César Muller Valente, da 11ª Vara Criminal de São Paulo.

Na sentença, Valente afirma: ¿Ao adjetivar um senador da República de racista, esqueceu-se o réu de todos os honrados cidadãos catarinenses que, através do exercício do voto, o elegeram como legítimo representante democrático em nossa República Federativa¿.

A condenação foi contestada por intelectuais e entidades. Encabeçado pelo professor Antônio Cândido, um manifesto, hospedado no site do PT, classifica a decisão judicial de ¿um ataque ao direito de livre-expressão¿.

A CUT presta solidariedade ao sociólogo com ataques à mídia: ¿O que faremos com inúmeros articulistas e repórteres que, à sombra das grandes corporações, não se cansaram de destilar as mais diversas formas de preconceito, calúnia, denúncia vazia, omissão de informação e estreiteza de pensamento?¿

¿ A condenação foi correta. Comigo não tem perdão. Ele cometeu um crime e tem que pagar ¿ disse o senador.