Título: PALOCCI OBTEVE SUPERÁVIT DE R$90 MIL
Autor: Adriana Vasconcelos, Bernardo de la Peña e Maria L
Fonte: O Globo, 03/11/2006, O País, p. 3

Afastado do governo no ano passado, ex-ministro arrecadou R$2,399 milhões

SÃO PAULO. Eleito deputado federal pelo PT de São Paulo com 152.246 votos, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, afastado do governo por ter sido acusado de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, gastou R$2,308 milhões na campanha. Os gastos são superiores, por exemplo, ao R$1,844 milhão gasto pelo senador reeleito Eduardo Suplicy (PT-SP), que teve 8,986 milhões de votos. Palocci teve superávit de R$90.240,34, já que a receita foi R$2,399 milhões, conforme números do TSE.

Entre os colaboradores de Palocci estão instituições bancárias, como o Unibanco (R$150 mil) e Itaú (R$100 mil). Os maiores doadores foram Baraúna Agro Comercial (R$200 mil), Companhia Brasileira de Metalúrgica e Mineração e Companhia Brasileira de Distribuição (do empresário Abílio Diniz), com R$150 mil cada. Em seguida está a Evora S/A (R$120 mil) e a W Torre Engenharia e Construção (R$119,7 mil).

Entre mensaleiros, João Paulo foi campeão de gastos e arrecadação

Na casa dos R$100 mil, Palocci conseguiu doadores como a Vega Engenharia Ambiental (que trabalha com coleta de lixo) e a UTC Engenharia. A Grandene doou R$80 mil, e a Associação Imobiliária Brasileira (AIB), R$75 mil. Com R$50 mil contribuíram Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Liderança Capitalização (do grupo Silvio Santos), Arainvest Participações, Portofino Participações, Ibar Participações e Central Veredas de Agronegócio, entre outros.

Dos cinco deputados paulistas envolvidos no mensalão, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT) foi campeão de gastos e arrecadação. Obteve receita de R$1,359 milhão e declarou despesas de R$1,594 milhão. Reeleito, ele foi o candidato a deputado federal mais votado do PT, com 177.056 votos. Segundo a prestação de contas, R$730 mil arrecadados vieram dos diretórios nacional e estadual do PT. O maior doador de João Paulo, com R$10 mil, é a empresa ADM Comércio de Roupas.

Outro reeleito, com 104.960 votos, também envolvido no escândalo do mensalão, José Mentor (PT-SP) obteve R$914.040 e declarou despesas de R$919.617. Ele foi o principal financiador de sua campanha, com R$119.510 de recursos próprios. Seus principais doadores foram Cast Informática (R$100 mil), Ponto Forte Construções e Empreendimentos (R$52 mil) e Nutri Saúde Refeições, Mecanicapina Limpeza Urbana e Biolab Sanus Farmacêutica (R$50 mil cada).

Outros dois acusados no mensalão, Valdemar Costa Neto (PL), reeleito, e Professor Luizinho (PT), que não se reelegeu, quase empataram em receitas e despesas. Valdemar, que era presidente do PL e renunciou para não ser cassado, teve receita de R$826.687 e despesas de R$835.910. Pela declaração, praticamente toda a receita foi oriunda do diretório do PL em São Paulo.

Já Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho, declarou receita de R$848.560 e despesas de R$861.875. Mesmo tendo apenas 59.176 votos, teve generosos doadores: Companhia Brasileira de Comércio Exterior (R$110 mil), Unipar União de Indústrias, Construtora OAS e SS Administração e Serviços (R$100 mil cada). O ex-presidente nacional do PT, José Genoino, obteve R$742.661 e gastou R$749.616. A Construtora OAS, que doou R$100 mil, foi a maior colaboradora da campanha de Genoino, eleito com 98.729 votos.