Título: FMI PREVÊ QUE BRASIL VÁ CRESCER MAIS EM 2007
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 03/11/2006, Economia, p. 21

Fundo estima uma expansão de 4% no ano que vem, mas país ainda ficará abaixo da média da América Latina

WASHINGTON. As perspectivas de crescimento econômico do Brasil em 2007 são melhores do que as deste ano, segundo previsão divulgada ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com as estimativas da entidade, o Brasil crescerá 3,2% em 2006 e 4% no ano que vem; ligeiramente abaixo da média de toda a América Latina, que será de 4,25%.

Enquanto isso, a inflação brasileira cairá de 4,2% para 3,4%, segundo o informe ¿Perspectivas econômicas regionais¿ para as Américas. Outra previsão positiva é a referente aos gastos do governo brasileiro que, segundo o FMI, têm diminuído. Os gastos haviam crescido 6,6% no ano passado e em 2006 deverão ter um aumento menor, de 5%.

O documento do FMI ressalta a redução da pobreza no Brasil. Ela caiu de 28% da população em 2003 para 23% em 2005, com a renda dos 50% mais pobres crescendo num ritmo de mais do que o dobro do que a dos 10% mais ricos, destaca um trecho do informe. A Argentina foi o país que alcançou o melhor resultado neste quesito, em termos relativos: a parcela de pobres, que era de 54% em 2002, baixou para 31% em 2006. Pobre, para o FMI, é quem sobrevive com menos de US$2 por dia.

Fundo destaca expansão do Bolsa Família

Segundo os responsáveis pelo Bolsa Família, o programa ¿ que, como registra o Fundo, ¿atingirá 11,2 milhões de famílias no final de 2006, contra 6,7 milhões em 2004¿ ¿ conseguiu elevar o patamar de renda dos pobres para R$61 mensais, acabando com a pobreza absoluta.

Ao analisar a situação regional, o FMI alertou mais uma vez que ¿a persistente alta da desigualdade na América Latina tem feito erodir a coesão e diminuir o impacto do crescimento econômico sobre a pobreza¿. Os economistas do Fundo, no entanto, alertaram contra o uso de fórmulas mágicas, de efeitos rápidos, insinuando que seriam ilusórios: ¿Tornar as sociedades mais equitativas sem destruir a prosperidade é, inerentemente, um processo lento e difícil. Tentativas na região de redistribuir rapidamente levaram no passado a crises políticas e ao colapso econômico, além de freqüentemente terem enfraquecido as instituições¿.

A saída, segundo o FMI, é utilizar ¿alavancas políticas¿ já disponíveis: ¿Elas são as reformas fiscais que englobem tanto o sistema tributário quanto os gastos públicos; a reforma do mercado de trabalho; e reformas que estendam os serviços públicos e as oportunidades econômicas aos grupos hoje privados de seus direitos¿.

Segundo o FMI, embora deva haver uma desaceleração da economia dos Estados Unidos, com um crescimento de 2,5% em 2007, essa perda de dinamismo será neutralizada por um crescimento maior na Europa, no Japão e também nos países emergentes da Ásia. Uma demanda doméstica maior na América Latina, caracterizada por gastos públicos mais altos e um maior consumo e investimentos privados, farão com que a região tenha, pela primeira vez desde a década de 70, quatro anos seguidos de crescimento sólido.