Título: RENAN: DESAFIO É TER PROJETO DE PODER PARA 2010
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 04/11/2006, O País, p. 10

Presidente do Senado aposta no crescimento pós-eleitoral do PMDB

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirma que o PMDB deve caminhar para apoiar o governo Lula. Ele aposta ainda no crescimento do partido depois do período eleitoral, com novas adesões. Mas, segundo Renan, o PMDB não pode perder de vista um projeto próprio de poder para as eleições de 2010.

¿ Nosso objetivo é buscar a unidade do partido e destacar o papel dos governadores eleitos. O PMDB tem responsabilidade com o país e um papel importante na governabilidade. Mas o nosso desafio é consolidar um projeto de poder de médio prazo. O PMDB foi um partido que cresceu e hoje conta com as maiores bancadas na Câmara e no Senado. Nós não queremos crescer com artificialidade, mas haverá um crescimento natural ¿ avisa Renan.

Geddel e Jader são novos interlocutores

A intenção do presidente Lula é ampliar o leque de seus interlocutores no PMDB, hoje restrito a Renan e ao senador e ex-presidente José Sarney (AP). Sabe que esse é um dos primeiros passos para conquistar os outros grupos do partido. Nessa linha, ele pretende reforçar os contatos com os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Jader Barbalho (PA), por exemplo. Os dois são vistos como fundamentais para atrair setores que fizeram oposição ao governo.

¿ As resistências, hoje, serão mínimas e as posições mais radicalizadas ficarão no gueto. Estou resgatando minhas velhas interlocuções no partido para unificar o PMDB ¿ aposta Geddel.

¿ O PMDB colaborou para a reeleição de Lula durante toda a campanha. Apostou na candidatura dele e deu uma demonstração concreta disso quando derrubou a candidatura de Anthony Garotinho. Só lamento que o PMDB não tenha dado o vice na chapa de Lula, como o presidente sonhava. Setores do PMDB não compreenderam a importância disso ¿ diz Jader Barbalho, peça fundamental na eleição da petista Ana Júlia, no Pará.

Presidente aposta nas alianças feitas na campanha

A ala governista do partido saiu fortalecida das urnas com a vitória em estados importantes. O próprio Michel Temer já reconheceu que a tendência da maioria é mesmo aprovar o apoio ao governo.

Lula aposta no sucesso de alianças que fez nesta eleição. Caso do Rio de Janeiro, com a eleição de Sérgio Cabral; no Espírito Santo, com Paulo Hartung; e no Amazonas, com Eduardo Braga. Ou nos estados da Bahia e do Pará, com os governadores eleitos pelo PT, Jaques Wagner e Ana Júlia Carepa, respectivamente, apoiados pelo PMDB de Geddel e Jader.