Título: Lula negocia para ter apoio integral do PMDB
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 04/11/2006, O País, p. 10

Aliança é a prioridade para petista, que deseja assegurar a governabilidade, e antecede a reforma ministerial

BRASÍLIA. O PMDB prepara um desembarque em massa no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio Lula passou a negociar pessoalmente o apoio majoritário do partido. Cada dia mais convencido de que precisa garantir de todas as formas a governabilidade do segundo mandato, sabe que o caminho mais seguro para isso é ter a maior parte do PMDB ao seu lado. Decidiu dar prioridade a essa aliança antes de definir a reforma ministerial. Lula está disposto a pagar um preço alto, desde que o apoio seja consistente.

Antes de assumir compromissos com o partido, Lula quer tentar atrair peemedebistas que estiveram na oposição durante a campanha eleitoral. A expectativa é que ainda em novembro uma reunião do conselho político do PMDB defina uma posição única do partido em apoio ao governo Lula.

Emissários do Planalto iniciaram uma aproximação com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que apoiou o candidato tucano derrotado, Geraldo Alckmin. Um grupo governista do partido levou recados a adversários como o governador reeleito Luiz Henrique (SC), o governador eleito André Puccinelli (MS) e o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE), e tentam reconquistar figuras do PMDB do Rio Grande do Sul, como o senador Pedro Simon e o governador Germano Rigotto.

¿ Depois de anos, o PMDB caminha para uma unidade de pensamento. Vamos tomar uma deliberação para ser respeitada. Temos que caminhar unidos. Só assim o partido terá mais valor ¿ explica o deputado Fernando Diniz, presidente do PMDB de Minas Gerais.

Além de ministérios, fala-se abertamente no Palácio do Planalto na possibilidade de Lula apoiar a pretensão do PMDB de eleger os presidentes da Câmara e do Senado. Mas se isso se concretizar, ao invés de 5 a 6 ministérios o partido ficaria com 3 ou 4 pastas.