Título: PARA PSDB, VOTO DISTRITAL RECUPERA REPRESENTATIVIDADE
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 04/11/2006, O País, p. 11

Temer quer combinar proposta dos tucanos com lista fechada

BRASÍLIA. Na discussão sobre reforma política, os tucanos querem que o voto distrital seja aplicado nas eleições municipais de 2008.

¿ O principal problema político do país é o abismo entre o representante (deputado) e o representado (eleitor). Só o voto distrital poderá resgatar a representatividade dos deputados ¿ diz o líder do governo, na gestão Fernando Henrique, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que também defende que com o voto distrital poderia ser criado o instrumento do voto destituinte, pelo qual a maioria dos eleitores pode cassar o mandato do eleito, como ocorre atualmente em alguns estados americanos.

O líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que é preciso negociar uma nova proposta de reforma política e que somente no ano que vem poderá se iniciar um esforço para votar as mudanças que forem acertadas. O pefelista defende, a exemplo do PT, a adoção do financiamento público das campanhas, e considera que isso pode ser aplicado tanto com o voto distrital quanto com o sistema de voto em lista fechada de candidatos. Para o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), seria possível combinar o voto distrital misto com a votação em lista fechada para as cadeiras que seriam preenchidas pelo voto proporcional.

Para Fontana, voto distrital leva à fragmentação

O núcleo central do relatório Caiado tende a ser adotado pelo PT como sua proposta de reforma política. O líder petista na Câmara, Henrique Fontana (RS), considera que a proposta de reforma deve prever a adoção do financiamento público exclusivo, votação em lista fechada e fidelidade partidária. Os petistas são contrários ao voto distrital, mesmo o misto, e não querem nem ouvir falar da redução da cláusula de desempenho.

¿ Qualquer sistema eleitoral tem problemas. Temos que escolher o que tenha mais qualidades e menos defeitos. O voto em lista fortalece os partidos e eleva o debate eleitoral. O voto distrital leva à fragmentação da atividade política ¿ avalia Henrique Fontana.

Os pequenos partidos, que não atingiram a cláusula de desempenho, enfrentarão novas dificuldades. A única concessão que os grandes estão dispostos a fazer é criar a federação de partidos, como existe no Uruguai com a Frente Ampla, pelo qual vários partidos se unem na mesma sigla para disputar eleições e ter atuação parlamentar. Os grandes partidos querem aprovar na reforma a proibição de coligações nas eleições proporcionais e impedir que os partidos cheguem aos 5% depois das eleições, com fusões, como PTB, PL e PPS fizeram agora.

¿ No futuro ninguém mais vai poder ultrapassar a cláusula de desempenho depois das eleições. Vamos endurecer ¿ diz Michel Temer.