Título: TRÁFEGO UNIFICADO, UM ORGULHO MILITAR
Autor: Monica Tavares, Eliane Oliveira e Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 04/11/2006, Economia, p. 38

Mesmos operadores controlam aviões civis e caças da Aeronáutica

Implantados a partir da década de 70, os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) sempre foram motivo de orgulho para os militares: no Brasil, diferentemente do que acontece nos EUA e em países europeus, o controle do tráfego aéreo civil e militar é unificado. Isso significa que os operadores que controlam os aviões civis também podem acionar e controlar os caças da Força Aérea para operações de interceptação, em caso de invasão do espaço aéreo brasileiro.

Supostamente, essa integração seria uma vantagem, por permitir um tempo de resposta menor. Uma comparação interessante foi o ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. O sistema de defesa aérea americano demorou a enviar caças para interceptar os aviões suicidas, devido ao fato de, nos EUA, o controle de tráfego aéreo e a defesa aérea funcionarem em centros separados para vôos civis e militares.

Os primeiros três Cindactas usam tecnologia francesa e o Cindacta 4, também conhecido como Sivam, usa tecnologia americana.

Com a comemoração de índices de acidentes cada vez menores no Brasil, a eficiência do sistema parecia inabalável, até o choque em vôo entre o Boeing 737-800 da Gol e o jato Legacy da Embraer. O fator humano mais uma vez pode ter produzido uma tragédia na aviação e ajudou a revelar que há algo errado na concepção do sistema de controle brasileiro, que precisa ser corrigido.

(*) É jornalista especialista em aviação