Título: ESTATAIS CHINESAS ATACAM EM DIFERENTES FRENTES
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 06/11/2006, Economia, p. 19

Energia e informática em alta

PEQUIM. A imprensa chinesa fez um estardalhaço no mês passado quando o grupo Citic, conglomerado estatal com interesses que vão do sistema bancário à construção civil, fez oferta de US$1,5 bilhões pela petrolífera canadense Nations Energy no Cazaquistão. Foi o último de uma série de investimentos chineses no exterior de olho no combustível para garantir a expansão do país.

Há cerca de duas dúzias de grandes empresas chinesas investindo no exterior hoje, a imensa maioria estatais do setor energético e de telecomunicações. Em abril, o grupo estatal Sinopec comprou por US$3,5 bilhões um campo de petróleo na Rússia do grupo anglo-russo TNK-BP. E, em junho, a também estatal CNOOC tentou comprar a americana Unocal, por US$18,5 bilhões, causando a reação do Congresso americano, com medo de ¿invasão de multinacionais chinesas¿.

Segundo o governo, as empresas chinesas tinham investimentos no exterior de US$57,2 bilhões até dezembro de 2005. Para o consultor de empresas George Zhibin Gu, os chineses estão fazendo agora o que americanos e europeus fazem desde o início do século passado e o que japoneses e sul-coreanos começaram a fazer nas últimas três décadas. A tarefa não é exatamente fácil, diz Gu:

¿ Ser estatal é o paraíso e o inferno. O fato de terem o controle nas mãos do governo torna as decisões empresarias muito lentas.

De fato, todo mundo na China sabe que um dos trunfos da Lenovo ¿ estatal que comprou em 2004 a divisão de micros da IBM ¿ é que seu fundador, Liu Chuanzi, pertence ao Comitê Central do Partido Comunista da China, o que acelera o processo decisório da empresa.