Título: PASTOR ADMITE MENTIRA E CULPA EM CASO SEXUAL
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 06/11/2006, O Mundo, p. 23

Especialistas se dividem quanto à repercussão de escândalo de evangélico aliado de Bush

Colorado Springs, COLORADO. O líder evangélico americano Ted Haggard, que renunciou ao cargo de Presidente da Associação Nacional de Evangélicos por envolvimento num escândalo homossexual, confessou ser culpado de ¿imoralidade sexual¿ e revelou ter lutado a vida toda contra impulsos ¿obscuros e repulsivos¿. Ferrenho opositor do casamento entre homossexuais, Haggard fez um mea culpa público por meio de uma carta dirigida a fiéis.

¿Lamento as circunstâncias que provocaram tanta vergonha. Sou culpado de imoralidade sexual. E aceito a responsabilidade por todo o problema. Sou um mentiroso. Há uma parte de minha vida que é tão obscura e repulsiva que venho lutando contra isso durante toda a minha vida¿, escreveu Haggard na carta lida a fiéis da localidade de Colorado Springs por um líder religioso durante os serviços dominicais.

`Minha confiabilidade é questionável¿

A Associação Nacional de Evangélicos compreende 45 mil igrejas e 30 milhões de membros em todo o país. Haggard renunciou ao cargo depois que foi acusado pelo garoto de programas Mike Jones de ter pagado para manter relações sexuais com ele e também de ter consumido metanfetamina. O religioso também renunciou no sábado ao cargo de pastor da Igreja da Nova Vida, fundada por ele em 1985 e com 14 mil membros. E justificou seu afastamento dizendo que ¿ambos os cargos se baseiam na confiança, e neste momento minha confiabilidade é questionável¿.

A princípio, Haggard negou as acusações, mas na sexta-feira admitiu ter levado um homem a um hotel de Denver para fazer-lhe uma ¿massagem¿ e comprar-lhe drogas. Na carta, Haggard, importante líder evangélico e figura influente na política do Partido Republicano, disse estar envergonhado e pediu à sua congregação que perdoasse o seu acusador. O escândalo abalou a Igreja da Nova Vida, a comunidade evangélica de Colorado e teve repercussões em Washington, onde Haggard, 50 anos e pai de cinco filhos, era aliado dos setores ultraconservadores que, por sua vez, colaboram com o governo de George W. Bush.

Especialistas estão divididos quanto à repercussão do escândalo nas eleições americanas de terça-feira, já que o conservadorismo cristão é uma das principais bases de apóio do governo de George W. Bush. Líderes evangélicos têm encorajado os fiéis ao voto conservador nas eleições ao Congresso.