Título: BANCADA TUCANA FOI A QUE MAIS ARRECADOU
Autor: Francisco Leali, Carolina Brígido e Alan Gripp
Fonte: O Globo, 07/11/2006, O País, p. 3

Os 65 deputados eleitos do PSDB conseguiram R$49,8 milhões para campanha

BRASÍLIA. O PSDB foi o partido que mais gastou para eleger sua bancada na Câmara dos Deputados. Os tucanos arrecadaram R$49,8 milhões, média de R$791,2 mil para cada um dos 65 deputados eleitos, superando com sobras as receitas obtidas pelas campanhas das outras três grandes legendas (PMDB, PFL e PT) no atual mapa político brasileiro. O PSDB teve ainda a campanha mais cara, a do empresário Alfredo Kaefer (PR), que, sozinho, amealhou quase R$3 milhões para se eleger deputado federal pela primeira vez.

Embora tenha liderado o ranking das doações de campanha, o PSDB piorou o desempenho em relação às eleições de 2002. Este ano, emplacou 65 representantes, cinco parlamentares a menos do que no pleito de quatro anos atrás.

O PMDB, que elegeu 89 deputados, garantindo a maior bancada da próxima legislatura, teve a segunda maior arrecadação entre os eleitos. Os candidatos vitoriosos do partido tiveram receita total declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de R$46,7 milhões, média de R$576,9 mil para cada um deles. O PMDB também teve a segunda campanha mais cara: a do também empresário paranaense Rodrigo Rocha Loures (R$2,92 milhões), um dos coordenadores da campanha do governador reeleito Roberto Requião (PMDB).

Eleitos do PFL receberam doações que somaram R$31,4 milhões

Os eleitos do PFL (65) disseram ter recebido doações que, somadas, alcançam R$31,4 milhões. Em média, cada parlamentar pefelista arrecadou R$515,8 mil. Em números absolutos, os petistas eleitos (83) juntaram mais recursos (R$37,4 milhões). Mas o gasto médio dos deputados eleitos (R$486,9 mil para cada) do PT ocupa apenas o oitavo lugar nesse ranking, atrás do PCdoB (R$867 mil), PTB (624,2 mil), PPS (596,9 mil) e PL (R$505,5 mil).

O desempenho do PCdoB é explicado pela disparidade entre as campanhas vitoriosas dos comunistas. Enquanto o atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (SP), teve uma das mais ricas campanhas (a nona da lista, com receita de cerca de R$2 milhões), os outros dois eleitos do partido, o fluminense Edmilson Valentin e a gaúcha Manoela D´Ávila, tiveram campanhas intermediárias, com gastos de R$243,8 mil e R$359,7 mil, respectivamente.

Classificadas por estados, as receitas dos deputados eleitos mostram que em Goiás foi preciso gastar mais para chegar ao Congresso. Naquele estado, os parlamentares gastaram em média R$940 mil na campanha. Já em São Paulo, os eleitos declararam arrecadação média de R$820 mil, seguido dos novos deputados do Paraná (média de R$755,2 mil), Pernambuco (R$660,5 mil) e Espírito Santo (R$637,7 mil). O Rio teve apenas a 13ª campanha mais cara: média de R$388,5 mil. Pelo menos oficialmente.

Dos 513 deputados eleitos para quatro anos de mandato, 34 não tiveram suas contas divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até ontem. Caso a Justiça eleitoral encontre alguma irregularidade na prestação de contas de um candidato, ele pode não ser diplomado e até ficar impedido de concorrer a outro cargo público. (Francisco Leali, Carolina Brígido e Alan Gripp)