Título: TENDÊNCIA TENTA GARANTIR VAGA PARA CHINAGLIA
Autor: Gerson Camarotti e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 07/11/2006, O País, p. 5

Pressão também pela nomeação de Marta Suplicy para pasta

BRASÍLIA. A DS não é a única tendência do PT que tenta emplacar um ministro. A tendência de centro "Movimento PT" já articula a indicação do líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (SP), que é médico, para o Ministério da Saúde. Chinaglia tentou apresentar-se como candidato à Presidência da Câmara, mas ensaia um recuo com o argumento de que o cargo deve servir para facilitar a composição de forças aliadas. Por isso, integrantes do "Movimento PT" apostam numa espécie de compensação para o atual líder do governo.

¿ O Chinaglia tem experiência e ao mesmo tempo trânsito político. Com isso, ele une o critério técnico com a capacidade de negociação que os futuros ministros precisarão ter ¿ diz o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), do Movimento PT.

Diante do movimento dos outros grupos do partido, o Campo Majoritário do PT também iniciou forte pressão para manter o seu espaço no governo. Preocupados com o enfraquecimento do grupo, os paulistas estão fazendo um lobby intenso pela indicação da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para o Ministério das Cidades.

Marta conta com o apoio de petistas como os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda) e tem a simpatia de parte da bancada do PT de São Paulo, que ela ajudou a eleger, mas deverá ser favorecido por escolha pessoal do próprio Lula, que tem elogiado frequentemente a fidelidade e a correção da ex-prefeita.

Ainda longe de decidir por nomes, o presidente Lula já avisou, no entanto, que vai exigir do PT o mesmo critério que decidiu adotar para a indicação de partidos aliados: que o futuro ministro tenha representação no Congresso e votos na sua bancada, para garantir a governabilidade. Nas conversas preliminares que já teve sobre o novo governo, Lula citou o fato de ter dado cinco ministérios para o PT do Rio Grande do Sul, que na ocasião saiu derrotado das urnas, e que não pretende repetir esse comportamento.

Lula também tem manifestado disposição de não pôr no primeiro escalão petistas derrotados nas eleições, com o argumento de a prioridade será o "o seu governo" e não mais o "partido". Mas, para contemplar algumas dessas pessoas, ele deverá abrir espaço no segundo escalão, com cargos em estatais menores ou postos em agências reguladoras. Seria o caso, por exemplo, do ex-presidente da Petrobrás José Eduardo Dutra (PT-SE), derrotado para o Senado. Dutra tem o apoio do governador eleito Marcelo Déda (PT-SE) para voltar ao governo.