Título: MEC QUER USAR RECURSOS DO SISTEMA S
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 07/11/2006, O País, p. 10

Sesi, Senai e Sebrae reservariam vagas para alunos da rede pública

BRASÍLIA. O ministro da Educação, Fernando Haddad, propôs ontem que 30% da arrecadação do chamado Sistema S ¿ que reúne entidades como o Serviço Social da Indústria (Sesi), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) ¿ sejam aplicados no ensino profissionalizante público.

A idéia do MEC é firmar parcerias para que os estabelecimentos de ensino do Sistema S reservem vagas ou ofereçam cursos gratuitos para estudantes da rede pública. A cooperação poderá representar investimentos acima de R$1 bilhão por ano, segundo Haddad.

¿ Não diria que (o Sistema S) está gerindo mal (o dinheiro). Mas podemos dar um salto de qualidade. Tudo sempre pode melhorar na administração pública e seria desejável dar esse passo ¿ disse Haddad, após lançar a proposta na 1ª Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, em Brasília.

Segundo o ministro, basta um protocolo de intenções, assinado entre a União, os governos estaduais e o Sistema S, para transformar a proposta em realidade. O Sistema S arrecada recursos mediante contribuições pagas por empresas sobre a folha de pessoal. Haddad não descarta a possibilidade de que as parcerias financiem até mesmo investimentos na infra-estrutura das escolas, notadamente em laboratórios.

A assessoria de Imprensa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que vai esperar o documento final da conferência para ver os termos da proposta. A assessoria enfatizou que não haveria transferência de recursos do Sistema S para as escolas, mas sim o atendimento de estudantes da rede regular e de jovens e adultos em cursos profissionalizantes do Senai, Sesc e outros órgãos do sistema.

Haddad propôs que as turmas de educação de jovens e adultos já ofereçam formação profissionalizante a partir da 5.ª série. Ele quer também aumentar o atual programa Escola de Fábrica, que oferece cursos nas próprias empresas.

O professor de Relações do Trabalho da USP José Pastore, que é consultor da CNI, defendeu maiores investimentos no ensino profissionalizante. Segundo ele, a falta de mão-de-obra especializada é um entrave ao desenvolvimento:

¿ Toda vez que o Brasil cresce 4% ao ano ou mais, falta mão-de-obra qualificada. É uma restrição ao crescimento.

Crédito educativo serão oferecidos em 19 mil cursos

Alunos de 19 mil cursos universitários vão poder se beneficiar do crédito educativo este ano. Segundo o MEC, mais de 900 instituições mantenedoras de universidades, centros universitários e faculdades privadas aderiram ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). A adesão é voluntária e possibilita que os alunos de graduação dessas instituições concorram aos 100 mil financiamentos do MEC.

As 933 mantenedoras que estão no Fies em 2006 oferecem 19.599 cursos, em 1.799 campus em todo o país. No processo seletivo de 2005, a maior procura por financiamento foi de alunos dos cursos de direito, enfermagem, administração, fisioterapia, ciências contábeis, medicina e educação física.

A adesão ao financiamento traz vantagens para as instituições privadas e os estudantes. Para as instituições, o Fies reduz a possibilidade de inadimplência e aumenta a garantia de que o aluno vai concluir o curso. Para os estudantes, o financiamento de 50% da mensalidade reduz o desembolso e dá perspectiva de obtenção do diploma.