Título: Presidente recebe Requião, que defende participação no governo
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 08/11/2006, O País, p. 4

Hoje Lula recebe o deputado Jader Barbalho, que o ajudou na campanha

BRASÍLIA. Após reunir-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião, disse ontem que o PMDB deve participar do novo governo, mas defendeu a mudança no comando do partido para institucionalizar a relação. O governador, que esteve com o senador José Sarney (PMDB-AP) depois de sair do Planalto, disse que o atual presidente do partido, o deputado Michel Temer (SP), já não fala mais pela maioria. E sugeriu para substituí-lo o ex-presidente do STF Nelson Jobim ou o embaixador do Brasil em Portugal, Paes de Andrade.

Em 2002, os governadores do PMDB defendiam apoiar o governo sem aceitar cargos. Agora, a maioria é a favor de apoiar e participar da gestão. Hoje Lula receberá o deputado reeleito Jader Barbalho (PA).

¿ A questão essencial é a unidade. Considero que o Temer tem sido a porta-voz da posição média do partido. A negociação tem que ser institucional e não por lideranças localizadas, e quem deve tomar a decisão é o Conselho Nacional ¿ disse o governador Luiz Henrique, de Santa Catarina.

Essa também é a posição de Requião, que em 2002 era contra a participação no governo:

¿ O PMDB pode ajudar o Lula a fazer um governo melhor. Um governo com vezo nacionalista e que aprofunde as políticas para reduzir a desigualdade social.

Governistas aguardam o chamado de Lula

Enquanto tentam costurar acordo interno, os peemedebistas aguardam ser chamados por Lula. Eles dizem que 90% do partido devem apoiar o governo.

¿ Estamos de stand by ¿ comentou o senador José Sarney.

A convenção do PMDB para eleger a nova direção ocorrerá apenas em março, mas os governistas pretendem excluir Temer dos entendimentos.

¿ O PMDB tem que participar do segundo mandato. Mas o mais importante é definir um novo comando, uma direção adequada ao novo momento e que tenha representatividade política ¿ disse Requião.

Os governistas do PMDB consideram que o entendimento interno para participar do governo só não avançou mais porque eles não confiam na costura de Temer, pelo fato de ele ter feito campanha para o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno e ter investido na candidatura de Anthony Garotinho.

Os governistas dizem que Temer deveria abdicar de participar do processo, abrindo espaço para que os aliados de Lula comandem os entendimentos.

¿ Acho justo que queiram mudar o comando. Já cumpri minha tarefa. O importante é que o presidente Lula reconheceu que errou em 2002, ao não fazer acordo com o partido. O problema começa quando o presidente fala em interlocução institucional. Eles (os governistas) não aceitam dividir, querem ter o monopólio da interlocução. Falam de unidade, mas não querem integrar ¿ diz Temer.

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