Título: Na CPI, Vedoin tenta inocentar dois deputados
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 08/11/2006, O País, p. 11

Chefe da máfia das ambulâncias negou ter pagado propina a Laura Carneiro (PFL-RJ) e Wellington Roberto (PL-PB)

BRASÍLIA. Em depoimento que durou cerca de três horas ontem, no Conselho de Ética da Câmara, o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, tentou inocentar pelo menos dois parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Vedoin afirmou que não ¿pagou um centavo¿ à deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) e que nunca ¿ouviu falar¿ de Wellington Roberto (PL-PB), citado pela CPI e que responde a processo no Conselho.

Vedoin reafirmou que o empresário Abel Pereira intermediou liberação de emendas na gestão de Barjas Negri, no governo Fernando Henrique, em troca de comissão de 6,5%. Ele disse que Pereira conseguiu a liberação de todas as emendas a ele pedidas, o que teria ocorrido no segundo semestre de 2002.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), criticou a CPI dos Sanguessugas. Disse que a CPI se precipitou em denunciar parlamentares que, segundo ele, são inocentes. Izar afirmou que, com o depoimento, ficou comprovado que pelo menos dez parlamentares não deveriam estar respondendo a processo no Conselho:

¿ A CPI, por causa do ano eleitoral, enviou nomes de deputados que não deveriam estar aqui e que acabaram punidos pelas urnas. Pelo menos dez casos não deveriam estar aqui.

Mas Izar só citou o nome de quatro deputados: Laura Carneiro (PFL- RJ), Pedro Henry (PP-MT), Wellington Fagundes (PL-MT) e Wellington Roberto (PL-PB). À exceção de Laura, os outros foram reeleitos e podem continuar respondendo processo em 2007.

Para José Eduardo Cardozo (PT-SP), integrante do conselho, é impossível concluir, com o depoimento de Vedoin, quem é inocente ou culpado. Na opinião dele, seria uma precipitação.

¿ Não se pode condenar nem absolver ninguém por esse depoimento. Vedoin não é o fiel da balança. É preciso confrontar o que disse com as provas.