Título: PESQUISA INDICA CÂMARA DEMOCRATA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 08/11/2006, O Mundo, p. 27

Segundo Zogby, disputa acirrada entre partidos transforma controle do Senado em incógnita

Ekern 0.3pt ¿ Podemos afirmar que os democratas obterão mais 25 a 30 assentos, dos 15 que necessitam na Câmara. Mas com certeza conseguirão apenas dois ou três, dos seis que precisam no Senado. Mas não se deve descartar a possibilidade de os republicanos se darem mal ali também. Eu diria que o Senado ainda é dúvida: as chances são iguais para ambos os lados ¿ afirmou John Zogby, da firma especializada Zogby International, acrescentando que entre 5% e 8% dos eleitores deixaram para decidir no momento de votar.

Comparecimento às urnas seria inferior a 40%

Segundo ele, a maioria dos indecisos acabou se inclinando pelos democratas com relação à Câmara, mas não endossou a sua disputa pelo Senado. Zogby disse ainda que o aspecto mais significativo das pesquisas foi a constatação de que a alta polarização da disputa, este ano, acabou pulverizando o centro:

¿ Em política não há mais o centro nos EUA. É direita e esquerda, e uma negando a legitimidade da outra.

O presidente George W. Bush votou numa sessão instalada no Corpo de Bombeiros de Crawford, no interior do Texas. Ao entrar ali ele fez uma piada:

¿ Eu já decidi em quem votar ¿ sorriu.

Em Chappaqua, Nova York, a senadora Hillary Clinton, candidata à reeleição, votou junto com o marido, o ex-presidente Bill Clinton, e também brincou:

¿ Eu votei pela mudança... menos pela minha! ¿ disse, certamente já de olho numa provável candidatura à Presidência em 2008, disputa que começa extra-oficialmente hoje.

No Texas, ao lado da primeira-dama, Laura, Bush pediu aos americanos que votassem de acordo com a sua simpatia:

¿ Vivemos numa sociedade livre e nosso governo só é tão bom quanto a disposição das pessoas em participar ¿ disse, embarcando em seguida para Washington, onde aguardaria os resultados na Casa Branca.

De acordo com as estimativas preliminares, tal disposição se manteve baixa: no máximo 40% dos eleitores teriam comparecido. Os apelos de ambos os lados parecem não ter surtido o efeito desejado. No início da manhã os eleitores filiados ao Partido Republicano receberam, via internet, uma mensagem assinada por Bush.

Ela dizia que os seus candidatos precisavam do voto deles ¿para manter os EUA na ofensiva na guerra contra o terror, manter os impostos baixos para que a economia cresça, e para trabalhar pelos valores conservadores¿.

Por sua vez, Howard Dean, presidente do Partido Democrata, também enviou e-mail na madrugada de ontem aos seus simpatizantes pedindo que animassem outros eleitores a votar. Ele anexou à mensagem um plano de ação com seis pontos básicos dos democratas, mesmo que obtenham a maioria só na Câmara. Ali é necessário apenas maioria simples para aprovar leis; enquanto no Senado é preciso obter dois terços dos votos.

O primeiro ponto afirma: ¿Vamos acabar com a cultura republicana de corrupção¿, restaurando ¿um governo tão bom quanto o povo que o escolhe¿. O segundo diz respeito à segurança: ¿Protegeremos os americanos em casa e lideraremos o mundo dizendo a verdade para as nossas tropas, nossos cidadãos e nossos aliados¿; e prometendo ¿uma defesa nacional dura e inteligente¿. Depois, vem o uso de energia mais limpa, redução da dependência do petróleo estrangeiro e o desenvolvimento de energias alternativas, entre outros.

Em alguns estados a votação foi prejudicada por chuva torrencial e enchentes, especialmente no estado de Washington, onde as autoridades declararam estado de emergência. Um outro tipo de problema, no entanto, pipocou em várias áreas do país: atrasos na votação porque eleitores votavam pela primeira vez utilizando computadores e não sabiam como fazê-lo, ou porque os equipamentos pifaram. Segundo as autoridades, cerca de 30% dos eleitores não se deram ao trabalho de ir às zonas de votação: eles enviaram o seu voto, antecipadamente, por correio ¿ um índice recorde.