Título: A vez de Jader Barbalho
Autor: Luiza Damé, Ilimar franco e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 09/11/2006, O País, p. 3

Presidente negocia com o PMDB e diz que o PT já tem `o cargo mais importante¿

Em meio à guerra dos partidos aliados por mais espaço no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou ontem conter as pressões, afirmando que não tem pressa para montar a equipe do segundo mandato e indicando que o PT perderá espaço no primeiro escalão. Ontem, seu primeiro compromisso político foi com o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), em audiência no Planalto. Embora já esteja negociando com representantes dos partidos aliados, afirmou que não fará uma salada de frutas no Ministério.

Sobre o PT, Lula argumentou que seu partido já tem o cargo mais importante do país, o de presidente da República.

¿ Estou acompanhando a imprensa e há uma inquietude com a questão do Ministério. Eu ainda não pensei em um único nome. Nem quem fica nem quem vai entrar. Estou muito tranqüilo, pois temos dois meses ainda de mandato para cumprir. O novo mandato vai começar no dia 1º de janeiro ¿ disse o presidente, em entrevista ao fim da 1ª Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, no Centro de Convenções de Brasília.

Lula afirmou que a composição do novo governo será feita de maneira diferente, numa negociação com os partidos políticos, baseada em políticas públicas. A representação do PT, que hoje tem 16 dos 34 cargos com status de ministro, será proporcional ao tamanho do partido, segundo Lula:

¿ Não faremos uma partilha, uma salada de frutas. Quero construir uma aliança com os partidos políticos. O que importa são as políticas públicas que o governo vai colocar em prática. O PT vai ter a participação no governo que tenha o tamanho do PT. Aliás, o PT já tem o cargo mais importante do governo, que é o de presidente da República. Já é uma boa representação.

Jader nega `crise existencial¿ do PMDB

Não há pressa para anunciar as escolhas, mas a agenda do presidente tem tido bastante espaço para as negociações políticas. Na conversa com Jader Barbalho, ontem, podem não ter tratado de nomes ¿ como informou o deputado ¿, mas fizeram uma avaliação sobre de que forma será possível incorporar a maioria do PMDB no apoio ao segundo mandato do petista. O encontro dos dois não foi aberto para registro de imagem da imprensa. Quando solicitada a foto oficial, o Planalto informou, no fim do dia, que não havia sido feita.

Jader afirmou que o partido está se unindo em torno da participação no governo Lula.

¿ Saímos das urnas claramente vinculados ao presidente, e o voto popular recomenda o apoio do PMDB. Era só o que faltava o partido ter agora crise existencial sobre ser ou não governo! ¿ disse Jader.

Enquanto Lula se reunia com Jader, o líder do PMDB na Câmara, Wilson Santiago (PB), tinha encontro no quarto andar do Planalto com a equipe do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), que está de licença por dez dias. Na saída, o líder deixou claro o desejo do partido por mais ministérios no segundo governo Lula.

¿ O PMDB, pelo tamanho e proporcionalidade que tem no Congresso, merece, e muito, a ampliação dos espaços que ocupa, inclusive no próprio governo. O partido defende que haja justiça com aquilo que merece no próprio governo ¿ defendeu Santiago.

Jader, que foi decisivo na vitória da senadora Ana Júlia (PT) ao governo do Pará, defendeu que Lula limitasse as consultas no partido aos seus aliados e não ao comando formal. O presidente Lula pediu que os governistas sugerissem, para as vagas do partido no Ministério, nomes que tenham capacidade de liderar as bancadas na Câmara e no Senado. À tarde, Jader reuniu-se com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney e o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE).