Título: Lula dá indícios de que vai ficar com Mantega, Paulo Bernardo e Meirelles
Autor: Gerson Camarotti e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 09/11/2006, O País, p. 4

Presidente faria apenas mudanças pontuais na diretoria do Banco Central

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dado claros indícios a interlocutores próximos de que deseja manter os principais integrantes da equipe econômica nos atuais postos. Assim, Guido Mantega permaneceria no comando do Ministério da Fazenda, Paulo Bernardo no Planejamento e Henrique Meirelles no Banco Central, com mudanças pontuais na diretoria do BC, acordadas previamente com Meirelles. Para o Ministério do Desenvolvimento ¿ outra pasta importante da área econômica ¿, o nome mais cotado é o do atual ministro Luiz Fernando Furlan, que deseja permanecer no cargo, desde que ganhe mais força e espaço nas decisões da política econômica.

O grupo de ministros chamados de ¿desenvolvimentistas¿ e, em especial, aqueles ligados ao PT gostariam de ver Meirelles fora do governo, mas o presidente considera que ele funciona como um contraponto a esse grupo e deve ser mantido para dar equilíbrio às decisões na área econômica.

Furlan esteve ontem com o presidente Lula discutindo o modelo que desejaria para o Ministério do Desenvolvimento, que inclui uma cadeira no Conselho Monetário Nacional (CMN) e autonomia para indicar o presidente do BNDES ¿ subordinado à sua pasta ¿, além de outros cargos considerados estratégicos para o projeto de desenvolvimento. O atual presidente do Banco, Demian Fioca, foi escolha pessoal do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Lula não deseja guinada na política econômica

O presidente Lula tem deixado claro que não deseja dar uma guinada na política econômica, mas, sim, fazer ajustes. Em relação ao presidente do Banco Central, a avaliação de Lula é que Meirelles dá credibilidade à condução da economia e tem um papel sinalizador importante para os mercados, de que não haverá mudanças bruscas nem aventuras nessa área.

Foco no segundo mandato será o crescimento

O foco da política econômica no segundo mandato será o crescimento da economia, mas Lula não gostou das manifestações públicas do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), anunciando o fim da ¿Era Palocci¿, e de declarações da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no mesmo sentido.

O presidente acredita que declarações desse tipo só atrapalham e não contribuem para que se faça os ajustes necessários na política econômica. Segundo um interlocutor, se havia alguma disposição de Lula para substituir Meirelles no comando do Banco Central, essa possibilidade deixou de existir depois das movimentações desastradas feitas por Genro e Dilma para mudar a política econômica.