Título: EX-NAMORADA MATOU CORONEL UBIRATAN POR VINGANÇA, DIZ MINISTÉRIO PÚBLICO
Autor: Cristina Christiano
Fonte: O Globo, 09/11/2006, O País, p. 13

Carla Cepollina é denunciada por homicídio duplamente qualificado

SÃO PAULO. A advogada Carla Cepollina matou o coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães por vingança. Esta é a conclusão do promotor Luiz Fernando Vaggione, que ontem denunciou a ex-namorada de Ubiratan por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri, vai analisar os autos e até amanhã deve decidir se manda Carla a julgamento.

Segundo o promotor, o relacionamento de Carla e Ubiratan estava estremecido e, sentindo-se rejeitada, ela matou o amante com tiro no abdome. Vaggione afirma que Carla tratava o coronel como objeto. ¿Ela cometeu o crime por vingança, ao ver-se rejeitada pelo amante. Essa vingança evidenciou seu desprezo pela vida de Ubiratan, além de egoístico sentimento de posse que impunha arrogantemente à vítima. Agiu, pois, por motivo torpe¿, escreveu o promotor.

Vaggione afirma que baseou a denúncia nos indícios do inquérito policial de 1.200 páginas e cinco volumes. Entre eles, cita o fato de Carla não ter entregue à perícia a roupa usada no dia do crime; ter molhado a calça que vestia quando deixou o apartamento de Ubiratan, e o depoimento da empregada da família, que alega ter visto manchas vermelhas no balde de roupas lavadas enquanto a mãe de Carla diz ser de molho de tomate.

Outro forte indício é o fato de Carla ter permanecido no apartamento de Ubiratan até 20h25m de 9 de setembro, data do crime. ¿Ubiratan foi morto entre 19h06m e 20h21m. Carla passou o torpedo para a delegada Renata às 19h05m e só foi atender novamente o telefone às 20h25m. Ela ficou lá o tempo todo e não procurou ajuda para socorrê-lo¿, diz. Ainda segundo o promotor, a advogada ligou para a mãe às 20h34m. ¿Se não foi do apartamento, era um local bem próximo, porque a torre da região captou¿, diz o promotor.

Vaggione afirma que no domingo à noite, quando o corpo foi encontrado, o delegado da Divisão de Homicídios que investigou o caso quis conversar com Carla, mas a mãe dela não permitiu, alegando que a filha estava sedada porque teria ficado em choque com a morte do namorado. ¿Porém, por volta das 2h da madrugada, mãe e filha conversaram por telefone, em linhas exclusivas que têm em seus quartos.¿

Outros indícios apontados são o fato de o coronel ter sido morto com sua arma no momento em que tinha apenas uma toalha cobrindo o corpo.