Título: Médicos residentes fazem greve por reajuste de 53%
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Fonte: O Globo, 10/11/2006, O País, p. 14

Atividades são afetadas pela paralisação em 19 estados

BRASÍLIA. Em greve desde o início do mês, os médicos residentes reivindicam reajuste de 53,7% no valor da bolsa que recebem do governo. Eles recebem atualmente R$1.474,19 e querem passar para R$2,2 mil. Segundo o presidente da Associação Nacional dos médicos residentes, Daniel da Silva Filho, 80% dos cerca de 17 mil residentes do país estão parados em 19 estados.

Os médicos querem que o governo envie imediatamente projeto de lei para o Congresso Nacional com a previsão de um reajuste, ainda para este ano, de 30%. Os 23,7% restantes seriam pagos, de forma escalonada, em 2007. Mas eles exigem que o projeto seja aprovado até o final deste ano e com a ressalva de que, caso não seja votado ou derrotado, o governo edite uma medida provisória.

- A defasagem da bolsa que os médicos residentes recebem é de cinco anos. Há 18 meses estamos negociando com este governo, que é muito moroso - disse Daniel da Silva Filho.

O presidente da associação garantiu que os residentes estão respeitando um parecer de 2002 do Conselho Federal de Medicina (CFM) que determina que pelo menos 30% desses médicos, em cada estado, devem permanecer em atividade para atender as emergências e os serviços das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Roberto Luiz D´ávila, representante do CFM na Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, disse que apesar de não serem funcionários dos hospitais, os médicos residentes têm que cumprir a obrigatoriedade de 30%.

-- Eles têm o direito de fazer greve, mas não podem descuidar dos serviços de emergência e UTI. Os residentes querem uma remuneração que lhes permita sobreviver dignamente, já que são submetidos a uma rotina de dedicação exclusiva - disse Roberto D´Ávila