Título: Proposta de 'choque de investimentos'
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 11/11/2006, O País, p. 8

BRASÍLIA. As Propostas do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para a economia estão no meio do caminho entre as idéias do chamado grupo desenvolvimentista - formado por Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) - e a posição mais conservadora do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, remanescente da "Era Palocci". Mercadante defende uma reforma radical na Previdência, para reduzir de forma substancial os gastos correntes e abrir espaço para um "choque de investimentos".

- Só com coragem para priorizar o investimento público teremos crescimento de 5% ao ano - afirma.

Mercadante considera não ser possível viabilizar o crescimento sustentado da economia sem reduzir os gastos com a Previdência, que hoje chegam a 12% do PIB, tendo o Brasil apenas 8,8% da população acima de 60 anos. Ele lembra que países desenvolvidos como Itália e Bélgica, que tem 25% de sua população de idosos, gastam o mesmo ou ainda menos com Previdência. O senador aponta como um dos problemas da Previdência brasileira a forma de pagamento de pensões.

Lula e os ministros desenvolvimentistas não cogitam uma reforma imediata da Previdência, mas a adoção de medidas de racionalização dos gastos para estabilizá-lo em relação ao PIB. O aspecto mais polêmico da reforma (a mudança da idade mínima de aposentadoria) só viria após um debate na sociedade.

Mercadante, que se autodenomina independente, defende a manutenção da meta de superávit primário, mas é contra aumentá-la. Para ele, a economia obtida com a redução dos gastos correntes deve ser aplicada em investimentos públicos.