Título: PT quer indicar novo líder do governo
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 11/11/2006, O País, p. 13

Bancada tenta reaver posto no Senado, agora com Romero Jucá, do PMDB

BRASÍLIA. Se o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) parece aliviado de ter deixado a liderança do governo, depois de passar por momentos conturbados na disputa pelo governo de São Paulo - por causa do envolvimento do coordenador de sua campanha, Hamilton Lacerda, no escândalo da compra do dossiê contra os tucanos - o mesmo não se pode dizer da bancada do PT. Em pelo menos duas reuniões realizadas esta semana, uma na terça-feira e outra na quinta-feira, os senadores petistas deixaram claro que não pretendem abrir mão da vaga que, por ora, está sendo ocupada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Pressionada pela bancada petista, a líder do partido, senadora Ideli Salvatti (SC), confirmou ontem que já solicitou uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua intenção é encaminhar ao presidente a reivindicação da bancada petista para que a liderança do governo no Senado continue sendo exercida por um representante do PT. O nome mais cotado para o lugar que foi ocupado por Mercadante é o do senador Tião Viana (PT-AC), que acabou de ser reeleito por mais oito anos. Mercadante exerceu a função desde o primeiro dia de mandato de Lula.

- Dentro do possível, gostaríamos que a liderança do governo permanecesse com o PT. Mas é claro que essa é uma escolha do presidente - admite Ideli.

A operação petista pela ocupação do espaço foi montada logo depois da publicação no Diário Oficial, no início desta semana, da efetivação de Jucá como líder do governo no Senado. Jucá assumiu o cargo interinamente quando Mercadante se afastou para se dedicar à campanha eleitoral ao governo de São Paulo. O senador peemedebista era um dos vice-líderes de Mercadante e contou com o apoio integral do petista para substituí-lo. Mas sua permanência no cargo só está garantida até o fim da atual legislatura.

Permanência no cargo depende de acerto com PMDB

Jucá poderá até continuar no cargo, mas isso dependerá dos rumos da negociação que o presidente Lula já deu início para garantir uma participação maior do PMDB em seu segundo mandato.

A bancada petista, no entanto, já entrou em campo e promete frustrar qualquer expectativa do senador peemedebista que quer permanecer na liderança do governo. Ainda mais se o PMDB levar adiante seus planos de conquistar o comando das duas Casas do Legislativo.

Jucá exerceu a função durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas nunca chegou a ser efetivado como líder. No início do governo Lula, ainda pertencia ao PSDB. Mas deixou o partido e se filiou ao PMDB para apoiar o governo. Passou a vice-líder. Foi ministro da Previdência de Lula mas desde o início sofreu desgaste por estar envolvido em denúncias. O Supremo Tribunal Federal (STF) investiga Jucá por supostas irregularidades em empréstimos concedidos pelo Banco da Amazônia (Basa) à empresa Frangonorte, da qual foi sócio.

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