Título: CPI cobra explicações sobre celular
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Fonte: O Globo, 11/11/2006, O País, p. 14

Ligações feitas por Gedimar reforçam hipótese de operação-abafa, diz Jungmann

BRASÍLIA. O vice-presidente da cpi dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse ontem que vai pedir explicações à Polícia Federal sobre a revelação, feita pelo GLOBO, de que Gedimar Passos, mesmo detido na PF em São Paulo, no dia 15 de setembro usou seu telefone celular para se comunicar com outros envolvidos na operação de compra do dossiê. Gedimar foi preso na madrugada do dia 15 com parte do R$1,7 milhão que seria entregue ao empresário Luiz Antônio Vedoin em troca do dossiê contra tucanos.

No dia 15, segundo perícia feita pela própria PF nos celulares apreendidos com Gedimar, ele telefonou para o ex-chefe da inteligência do PT Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o chefe da operação; para o ex-assessor de Mercadante, Hamilton Lacerda, suspeito de ter levado o dinheiro ao hotel; e para outro telefone celular registrado em nome do comitê de campanha pela reeleição do presidente Lula. A PF alega que Gedimar apenas estava detido e não preso e que, portanto, não haveria irregularidade no uso do celular.

- Temos de esclarecer por que, sendo pegos em flagrante, eles ficaram detidos e não presos. Por que tiveram a liberdade de ficar com os aparelhos de comunicação e por que demorou tanto para chegar o mandado de prisão - questionou Jungmann.

- Isso reforça a versão de que pode ter ocorrido um jogo de pressão e contra pressão numa espécie de operação abafa - disse o deputado.

Para o sub-relator da cpi, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a revelação desmonta a tese da defesa de Gedimar no Tribunal Superior Eleitoral na ação movida pelo PSDB contra o presidente Lula. O policial aposentado sustenta que teria citado o ex-assessor especial da Presidência, Freud Godoy, como um dos envolvidos na tentativa de compra do dossiê porque foi pressionado pelo delegado federal Edmilson Bruno, que tomou o seu primeiro depoimento.

- O que importa é que ele continuou a operar de dentro da PF. Isso derruba a tese de que foi acossado no primeiro depoimento - explicou Gabeira.