Título: Juízes de Paraná e Mato Grosso dão o exemplo
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 12/11/2006, O País, p. 3

Sérgio Moro e Julier Sebastião condenaram, em tempo recorde, acusados de operações da PF

BRASÍLIA. Os sinais de impunidade que põem em risco algumas das grandes operações da Polícia Federal passam ao largo dos processos conduzidos pelos destaque1'>juízes Sérgio Moro, da 2ª Vara Federal do paraná, e Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso. Mesmo diante de dificuldades inerentes a casos complexos, os dois imprimiram rara velocidade em alguns processos abertos a partir das operações Farol da Colina e Curupira. São deles algumas das primeiras sentenças de prisão impostas a pessoas investigadas na série de 241 operações promovidas pela PF desde 2003.

Em 2004, a Polícia Federal iniciou uma caçada a doleiros de São Paulo, Rio de Janeiro, paraná e outros estados, acusados de envolvimento num esquema internacional de lavagem de dinheiro. Os doleiros teriam montado uma espécie de sistema financeiro paralelo para facilitar recebimentos e remessas ao exterior de dinheiro não declarado à Receita Federal. Era um esquema de mais de US$20 bilhões. Um ano depois da deflagração da operação Farol da Colina, os doleiros Antônio Carlos Claramund, o Toninho da Barcelona, e Reginaldo Peres Chaves, dois dos principais acusados, estavam condenados e presos.

- As prisões preventivas ajudaram a acelerar o andamento dos processos - explica Moro.

desmembrar processo é dica para agilizar sentença

Julier Sebastião foi ainda mais rápido. Em agosto do ano passado, a PF prendeu 101 empresários e servidores públicos acusados de envolvimento num forte esquema de contrabando de madeira no Mato Grosso e em outros estados. Menos de um ano depois, o juiz já assinou oito sentenças, que variam de dois a oito anos de prisão. Três condenados já cumpriram um terço da pena e estão em liberdade. Os demais recorreram da sentença e aguardam o resultado do julgamento em liberdade. Entre os condenados está o ex-chefe de Fiscalização do Ibama em Mato Grosso Marcos Pinto Gomes.

- desmembramos o processo e usamos o depoimento de uma mesma testemunha em todos os casos - explica Julier.