Título: para onde ir?
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 13/11/2006, O Globo, p. 2

Os partidos de oposição estão entregues desde o fim do segundo turno a um debate sobre o que fazer com a derrota. O PFL adotou uma posição radical e declarou oficialmente que não tem o que falar com a Presidência da República. O PSDB se debate internamente. Os três principais lideres do partido ¿ Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves ¿ têm visões diferentes.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quer que o PSDBn se comprometa com as reformas econômicas liberais feitas em seu governo. Seus aliados, como o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), avaliam que o fracasso eleitoral dos tucanos nas eleições de 2002 e 2006 deve-se à falta de compromisso com mudanças que teriam modernizado a economia brasileira, como as privatizações.

O governador reeleito de Minas Gerais, Aécio Neves, representa a linha pragmática, que não vê na parceria com o governo Lula a descaracterização da oposição. Como diz o ex-líder Custódio de Matos, o importante para Aécio é que ele e o PSDB estejam em condições competitivas na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Já o governador eleito de São Paulo, José Serra, pretende construir um pólo social-democrata para apoiar sua candidatura à Presidência em 2010. Sua intenção é somar, atraindo para este projeto líderes que militam em outros partidos, como o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Mas este não é o único impasse dos tucanos. O líder do PSDB, deputado Jutahy Magalhães Junior (BA), diz que isso não precisa ser resolvido agora. O principal é manter a bandeira da oposição nas mãos dos tucanos. Sobretudo quando o PFL afirma sua intenção de ter uma candidatura própria em 2010.

O PSDB tem hoje dois projetos de candidatura para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serra e Aécio são candidatos desde já e a disputa entre eles pode, maus uma vez, dividir os tucanos. Aécio, para se impor, terá que enfrentar Serra, como fez Geraldo Alckmin nestas eleições. Pois, à medida que os entendimentos entre o presidente Lula e o PMDB avançam, começam a minguar as possibilidades de que este partido venha a se constituir numa alternativa viável para o governador mineiro. Com a participação do PMDB num governo de coalizão com o PT, diz um dirigente tucano, é muito difícil que estes partidos não construam uma chapa comum para concorrer na sucessão de Lula.