Título: Aeronáutica não aprova desmilitarização
Autor: Henrique Gomes Batista, Mônica Tavares, Regina A.
Fonte: O Globo, 20/11/2006, Economia, p. 21

BRASÍLIA. A queda-de-braço entre os controladores de vôo e o Comando da aeronáutica estaria sendo insuflada por manifestações do próprio governo, segundo militares de alta patente ouvidos pelo GLOBO. O anúncio do ministro da Defesa, Waldir Pires, da criação de um grupo de trabalho para estudar a desmilitarização do controle de tráfego aéreo foi visto pelos militares como um incentivo ao movimento dos controladores, irredutíveis no objetivo de garantir melhorias salariais e das condições de trabalho.

Segundo essa visão, a criação desse grupo e a possibilidade de se discutir no Congresso a transferência do controle de tráfego para a área civil do governo, com criação de uma carreira de nível superior, criou entre os militares que atuam hoje como controladores - a grande maioria do efetivo - uma "expectativa ilusória" de ascensão profissional e financeira, como se a medida pudesse ser adotada em "três ou quatro dias". Os sargentos que trabalham no controle do tráfego aéreo ganham em torno de R$1.500 por mês, e a criação de uma carreira civil poderia elevar os salários a cerca de R$10 mil, segundo projeções que circulam no meio militar.

Os militares da aeronáutica se mantêm contra a desmilitarização do tráfego aéreo e dispostos a usar sua influência no governo para barrar a idéia. A reação do Comando da aeronáutica deve se fortalecer, com o aperfeiçoamento da comunicação entre as várias instâncias da hierarquia. ()

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