Título: BB tem lucro recorde entre os bancos: R$4,8 bi
Autor: Patrícia Duarte
Fonte: O Globo, 14/11/2006, Economia, p. 21

No 3º trimestre, ganho da instituição recuou 37%. Itaú e Bradesco foram afetados por recursos contábeis

BRASÍLIA. Nos nove primeiros meses deste ano, o lucro do Banco do Brasil (BB), o maior do país, atingiu R$4,8 bilhões. Foi o maior resultado entre as principais instituições financeiras no período. É importante ressaltar que Itaú e Bradesco tiveram desempenho menor no trimestre passado devido a operações de compra de outras instituições ou antecipação de pagamento de ágios.

No terceiro trimestre deste ano, o ganho do BB recuou 36,9% sobre o resultado e igual período de 2005, de R$1,438 bilhão para R$907 milhões. A base de comparação era alta: ano passado, o BB registrou ganhos extraordinários da ordem de R$565 milhões, por causa de créditos oriundos da Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco. Por isso, argumentou o gerente de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias, o desempenho agora foi pior:

- O trimestre anterior (de 2005) estava de fato inchado.

Mesmo assim, o mercado recebeu bem o resultado do BB, cujas ações subiram 1,83% ontem, para R$54,99 - num dia em que o Ibovespa recuou.

Agronegócio eleva provisão para créditos duvidosos

As operações de crédito do BB de julho a setembro cresceram 4,6%, para R$118,3 bilhões. No crédito consignado, a expansão foi de 21,8%, com saldo em carteira de R$7,4 bilhões. A expectativa é que esse tipo de operação continue crescendo. Segundo Tobias, hoje o BB tem nove milhões de contas-salário - e apenas dois milhões destas têm operações consignadas. Além disso, o banco prepara o lançamento de linhas de crédito, como para o setor imobiliário, a partir de 2007.

Os resultados com crédito compensaram as perdas com intermediação financeira (operações da Tesouraria do banco). A queda na Taxa Selic - de seis pontos percentuais, para 13,75% ao ano desde setembro de 2005 - é a grande responsável pelo movimento, pois diminuiu a rentabilidade dos títulos públicos na carteira do BB. No trimestre passado, as intermediações totalizaram R$2,501 bilhões, 30% menos que em igual período de 2005.

No segmento de agronegócios, em que o BB lidera, a carteira de crédito do banco chegou a R$40,3 bilhões, com expansão de 1%. O banco mantém aberto o prazo de renegociação das dívidas da safra 2005/2006, sobretudo dos agricultores afetados por problemas climáticos e baixos preços das commodities. Por isso, ampliou sua provisão para créditos duvidosos para R$8,2 bilhões em setembro, 6,5% acima dos R$7,7 bilhões de julho.

No trimestre passado, o BB tinha 24,1 milhões de correntistas, sendo 22,6 milhões de pessoas físicas e 1,5 milhão de empresas. As receitas com tarifas somaram R$2,2 bilhões no período, 15,4% de crescimento em 12 meses.

Banco Popular projeta ter lucro no próximo ano

Já o Banco Popular, unidade voltada para a concessão de microcrédito à população de renda mais baixa, apresentou melhora: a perda foi de R$9,2 milhões, contra R$16,3 milhões no mesmo trimestre de 2005.

O presidente do Banco Popular, Robson Rocha, disse que isso se deve, em parte, à melhora da qualidade da carteira de crédito e à redução de despesas administrativas. E projetou fechar com lucro o primeiro semestre de 2007.