Título: Endividamento em SP, o maior em dois anos
Autor: Lino Rodrigues
Fonte: O Globo, 14/11/2006, Economia, p. 22

Taxa de consumidores que contraíram débitos atinge 70%, mas calote recua para 34%, menor índice desde 2004

SÃO PAULO. O Endividamento dos consumidores na Região Metropolitana de São Paulo atingiu 70% em novembro, o maior patamar dos últimos dois anos - só perde para junho de 2004, quando chegou a 72%. Mas a inadimplência (atraso no pagamento) fez o caminho inverso e recuou para 34%, o menor índice desde dezembro de 2004 (32%).

Os números constam da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada ontem e apurada mensalmente pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Os dados foram coletados junto a 1.300 consumidores da região que têm dívidas com cheque eSPecial, cartão de crédito, empréstimo pessoal ou prestações em geral.

Fecomércio-SP culpa a baixa expansão da renda

Segundo o presidente da Fecomércio-SP, Abram Szajman, o crescimento do número de pessoas com dívidas, que passou de 62% em setembro para os atuais 70%, pode ser explicado pela baixa expansão da renda, que fez o consumidor contrair novos empréstimos para quitar débitos anteriores. O raciocínio é simples: com as dívidas pagas ou em dia, ele volta ao crediário para as compras de fim de ano.

- A aproximação do Natal é um apelo maior para o consumo. O consumidor recorre a novos empréstimos para regularizar débitos anteriores e acaba entrando numa ciranda que amplia o Endividamento - explica Szajman.

Pelo estudo, 76% dos consumidores com renda mensal de até três salários mínimos têm algum tipo de débito. Esse percentual chega a 77% na faixa de três a dez salários e fica em 56% no caso dos consumidores que declararam rendimentos acima de dez mínimos. Já em relação ao prazo médio de Endividamento, a pesquisa apurou que predomina o intervalo de três meses a um ano, com 49%.

A maioria dos consumidores que admitiram estar com dívidas em atraso está na faixa de renda mais baixa, até três salários mínimos (49%), seguidos por aqueles que ganham até dez salários (30%) e acima de dez (25%). A situação se repete quando a relação se refere ao comprometimento da renda, com 38%, 33% e 29%, reSPectivamente.

- Pelos dados, é visível que, quanto menor o nível de renda, maior é o atraso na quitação das dívidas - diz Szajman.

Mais ricos estão mais diSPostos a quitar dívidas

O número de pessoas que declararam intenção de pagar suas dívidas atrasadas, total ou parcialmente, passou de 63% em outubro para 64% em novembro. Já aqueles que informaram que não poderão honrar os compromissos recuou 1 ponto percentual, para 35% contra 36% no mês passado.

Ainda de acordo com a pesquisa, 81% dos consumidores de maior renda (acima de 10 salários mínimos) têm mais diSPosição para quitar suas dívidas, enquanto 51% das camadas mais pobres (até três salários mínimos) pensam em saldar suas prestações em atraso.