Título: MST invade sede do Incra no noroeste de SP
Autor: Gelson Netto
Fonte: O Globo, 17/11/2006, O País, p. 11

Movimento cobra assentamento de famílias e mais verbas

PRESIDENTE PRUDENTE. Cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem de manhã a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no município de Andradina, na região noroeste do Estado de São Paulo. Segundo o Incra, o grupo permanecia no local pelo menos até o fim da tarde. O MST reivindica o assentamento imediato de 1.500 famílias acampadas em 12 áreas adquiridas pelo Incra, que aguardam a assinatura dos contratos de posse pela Justiça. Participam da mobilização 600 acampados e 200 assentados.

Os sem-terra querem a liberação de novas verbas do Incra para a implantação de assentamento. Cada família tem direito a dois repasses de R$2.400 no intervalo de um ano para iniciar a produção. Até agora, só o primeiro foi pago, segundo o MST. Após a ocupação do prédio, os sem-terra se reuniram com a coordenação regional do Incra.

Na segunda-feira, os 800 sem-terra realizaram uma marcha de 7 quilômetros até o centro da cidade de Castilho, na região de Andradina, para denunciar a lentidão na reforma agrária. Na terça-feira, 300 sem-terra ocuparam a agência do Banco do Brasil no município de Ilha Solteira, também no noroeste do Estado, para exigir do governo federal mais crédito para a produção agrícola nos assentamentos.

A superintendência do Incra em São Paulo informou que o órgão recebeu as reivindicações do MST. De acordo com o Incra, a decisão sobre áreas para assentamentos não cabe mais ao órgão federal, mas ao Poder Judiciário. O Incra informou que existem processos em andamento para a desapropriação e a compra de áreas. Quanto ao crédito pedido pelos sem-terra, o Incra em São Paulo informou que as solicitações já foram feitas à sede do órgão em Brasília e estão em andamento. O Incra ainda salientou que na próxima semana devem sair mil contratos de moradias rurais no estado firmados com a Caixa Econômica Federal.