Título: O fim de uma era de atritos
Autor: Luiz Ernesto Magalhães
Fonte: O Globo, 17/11/2006, Rio, p. 14

Governador e prefeito sempre brigaram no Rio

Depois de décadas, o Rio poderá assistir, a partir do ano que vem, a um prefeito e um governador agindo em sintonia. Ontem, Sérgio Cabral se encontrou com Cesar Maia, no Palácio da Cidade, onde eles alinhavaram uma série de parcerias para 2007.

Nos últimos anos, o relacionamento entre prefeito e governador tem sido conturbado, a ponto de impedir ou dificultar projetos. A instalação dos tubulões do emissário da Barra sob a Avenida das Américas ficou meses parada porque os governos Rosinha Garotinho e Cesar Maia não conseguiam chegar a um acordo sobre a melhor forma de realizar a obra. A própria construção do emissário submarino da Barra atrasou anos, porque governos não se entendiam.

Em 2001, as obras de saneamento da Zona Oeste também foram motivo de desentendimento entre o então governador Anthony Garotinho e o prefeito Cesar Maia. Estado e Prefeitura foram à Justiça reivindicar o direito de fazer o projeto, que acabou suspenso. As disputas, ao longo de vários governos, envolveram temas como camelôs, população de rua, as gestões do Maracanã e Teatro Municipal e o gerenciamento das multas de trânsito.

A cientista política Lúcia Hipólito afirma que, desde a eleição do prefeito Saturnino Braga, em 1985, a relação entre prefeito e governador tem sido "de tapas e beijos". Ela acha que agora isso pode mudar:

- Ninguém está pedindo que eles se casem, apenas que mantenham boas relações - afirma Lúcia Hipólito.

Cesar Maia disse que as divergências de campanha estão superadas e que sempre teve um bom relacionamento com Sérgio Cabral. O prefeito argumenta também que não foi ele quem brigou com os governadores. Segundo Cesar, os rompimentos aconteceram devido a divergências políticas por causa das eleições para a Prefeitura. Ele reconhece que o PMDB de Cabral será seu adversário nas próximas eleições, mas não descarta uma reaproximação com seu partido, o PFL.