Título: Norte e Nordeste avançam. Sudeste cai
Autor: Eliane Oliveira e Martha Beck
Fonte: O Globo, 17/11/2006, Economia, p. 25

SP perde fatia no PIB do país. Rio é o 2º e renda descola dos paulistas

O bom desempenho do Norte e do Nordeste do Brasil diminuiu a desigualdade econômica entre as regiões do país em 2004. A Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ontem que, naquele ano, estas regiões mais pobres foram as únicas a ganhar participação no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas pelo país). O Norte passou de 5% para 5,3% e o Nordeste de 13,8% para 14,1%, enquanto o rico Sudeste recuou de 55,2% para 54,9%. Não é pouca coisa: em 2004, cada ponto percentual do PIB equivalia a R$17,6 bilhões.

- O ano foi bom para a indústria como um todo. Não só a grande indústria exportadora cresceu, mas também a pequena indústria, que, junto com a agropecuária, impulsionou o comércio e gerou empregos nesses locais - disse o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Frederico Cunha.

Apesar de ter crescido 6,4% em 2004, a maior economia do país foi a que mais perdeu terreno, puxando o Sudeste. São Paulo, responsável em 1985 por 36,1% do PIB nacional, perdeu posição, passando de 31,8% em 2003, para 30,9% em 2004, devido principalmente ao fraco desempenho de sua agropecuária e das atividades financeiras. Já o PIB do Rio avançou 1,9%, suficiente para o estado consolidar o segundo lugar no ranking nacional, elevar o seu peso de 12,02% para 12,06% no total do país e ampliar a distância de sua renda per capita (por habitante) à frente de São Paulo.

- São Paulo tem uma agropecuária saturada e sofre com a dispersão das indústrias, incentivadas a ir para outras regiões - explicou Cunha.

O Rio também manteve a segunda maior renda per capita do país, conquistada em 2002. Se toda a riqueza produzida pelo estado fosse dividida, cada fluminense teria ficado com R$14.639 em 2004, perdendo só para os habitantes do Distrito Federal (R$19.071), mas bem à frente dos paulistas (R$13.725). Em 2003, fluminenses e paulistas tinham praticamente empatado em R$12.6781 e R$12.619, respectivamente.

As perdas nas lavouras de cana-de-açúcar (retração de 22%) e laranja (-4%), que pesam em torno de 60% do total, puxaram para baixo o PIB de São Paulo. Pesou ainda a redução da taxa básica de juros (Selic), que fez o setor financeiro, responsável por 10% da atividade do estado, cair de 50% para 48% do total do segmento no país.

Amazonas lidera crescimento no país

No Rio, a retração de 0,1% no volume produzido pela indústria de petróleo limitou a expansão da indústria de transformação, que ainda assim cresceu 3,8%. Este recuo foi causado por paralisações para manutenção nas plataformas de petróleo da Petrobras, mas compensado pela produção de veículos (23,2%), de minerais não-metálicos (23,2%) e pelo refino de petróleo e a produção de álcool (6,2%) - beneficiados pelos bons preços nos mercados nacional e internacional.

O melhor desempenho entre os estados ficou fora do eixo Rio-São Paulo. O estado que mais cresceu, 11,5%, foi o Amazonas, impulsionado pela expansão de 17% de sua indústria. Os destaques foram os eletroeletrônicos e materiais de comunicação (23,6%), como celulares, produzidos pela Zona Franca de Manaus.

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