Título: Wagner: participação atual do PMDB no governo já é 'bastante razoável'
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 15/11/2006, O País, p. 4

Não há uma visão, da parte do presidente, de que tem que ter menos PT"

SÃO PAULO. O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), ex-ministro do governo e homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que a participação do PMDB no Ministério do segundo mandato está "no tamanho correto". Segundo ele, já é "bastante razoável" o número de três ministérios que o partido tem no governo. - Ele (Lula) vai querer ter uma relação com o PMDB. Qual o tamanho do PMDB, não sei. Atualmente, o PMDB tem três ministérios. Acho que é um tamanho bastante razoável, principalmente pelos ministérios que são. Está no tamanho correto - disse Wagner, ao deixar o estúdio da TV Globo, onde gravou à tarde entrevista para o "Programa do Jô", que foi ao ar ontem à noite.

Não deve haver grande mudança no Ministério, diz

Na avaliação do governador eleito, Lula não parte do pressuposto de que deverá ampliar a base de apoio ao governo tirando ministérios do PT. - Se ele quiser ampliar em alguma outra base, pode ser que se peça um sacrifício ao PT. Mas, na minha opinião, não há uma visão da parte do presidente de que tem que ter menos PT - disse. Para Wagner, não deve haver grande mudança no Ministério. Os chamados ministros da casa, que trabalham no Palácio do Planalto ao lado do presidente, devem permanecer. - Não acho que haverá grandes mudanças no Ministério. Existem os ministros que são interinos, que chegaram quando aqueles saíram (para as eleições). Estes, o presidente pode eventualmente substituir, botar alguém mais da base política. Mas não vejo grandes movimentos, não. Acho que Dilma (Rousseff, da Casa Civil), Guido (Mantega, da Fazenda), Paulo Bernardo (do Planejamento), Dulci (da Secretaria-Geral), que são os ministros da casa, o próprio Tarso (Genro, das Relações Institucionais), esses ficam. O Walfrido (do Turismo) fica. O Furlan, se quiser ficar, fica tranqüilamente - disse. O governador eleito chamou de besteirol o argumento de quem cobra o afastamento de petistas paulistas da direção do partido. Mas disse que a vitória petista nos governos da Bahia, de Sergipe, do Piauí, do Acre e do Pará "oxigena" o partido: - É inevitável que você, tendo o governo do estado, é um peso político dentro do partido. Isso oxigena a máquina partidária. Isso é inevitável. Agora, não gosto desses cortes geográficos. "Não pode ser de São Paulo, tem que ser do Nordeste". Eu acho isso um besteirol. O que estou dizendo é que o peso da votação que a gente teve no Nordeste, inclusive para o presidente Lula, evidentemente que deverá se refletir positivamente na organização do PT. Wagner disse que concorda com o afastamento do deputado reeleito Ricardo Berzoini da presidência do partido, mas sem prejulgamento. Para ele, o PT não pode mais conviver com qualquer suspeita: - Não podemos mais conviver com dúvida dentro do PT. O PT não tem mais possibilidade de conviver nem com uma suspeita e nem com nada feito de forma errada. Se sob qualquer um que seja você tem suspeita, é melhor que se afaste, que se investigue e depois a pessoa seja reconduzida. Nessas coisas nós vamos ter que ser muito duros dentro do PT, sem fazer prejulgamento. Wagner disse que Lula terá um segundo mandato "muito mais tranqüilo" que o primeiro porque não é mais candidato e nem deve ter uma relação beligerante com os dois pretendentes a sua sucessão, os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), que precisam do governo federal.