Título: Aécio quer evitar 'armadilha' do governo
Autor: Plínio Teodoro
Fonte: O Globo, 15/11/2006, O País, p. 8

Mineiro se reúne com Alckmin e Yeda em SP, sem a presença de Serra

SÃO PAULO. O governador reeleito de Minas, Aécio Neves, disse ontem que o PSDB vai liderar um bloco de governadores para negociar com o presidente Lula uma agenda positiva e evitar que os estados caiam novamente numa "armadilha" do governo federal. A declaração foi dada após encontro com o candidato tucano derrotado à Presidência da República Geraldo Alckmin e com a governadora eleita do Rio Grande Sul, Yeda Crusius (PSDB), em São Paulo. - Cada estado tem suas demandas, que deverão ser negociadas diretamente com o governo. Mas existe uma agenda que é da federação, e nós não podemos cair novamente na armadilha na qual fomos colocados nos últimos quatro anos, quando o governo convocou os governadores para uma grande discussão em torno das reformas da Previdência, tributária e mesmo política e administrativa e, quando avançou para questões que lhe eram fundamentais, como a prorrogação da CPMF e DRU, se desinteressou, para usar um termo brando, pelas outras propostas que interessam ao país - disse Aécio. No primeiro ato público após a derrota nas eleições, Alckmin reuniu os governadores de Minas e do Rio Grande do Sul para um café da tarde com pão-de-queijo e chimarrão, como definiu. Na pauta, além da construção da agenda para negociação com o governo federal, Alckmin defendeu um "novo PSDB de maior interação com os anseios populares". - Tem que amassar mais barro, comer mais poeira - disse o tucano. Ao chegar, Yeda criticou a política de distribuição de recursos do governo federal, afirmando que a maior destinação de verbas para projetos sociais no Nordeste prejudica os investimentos em infra-estrutura no Rio Grande do Sul e em estados do Sul e Sudeste. - As verbas sociais de assistência substituíram a participação na receita federal. Antes, o que se investia, agora se transfere. Como o Rio Grande do Sul tem um nível de distribuição de renda melhor, é penalizado. Pára de receber verbas de infra-estrutura. Perde duplamente. Foi uma orientação do governo federal, mas não é possível aceitar a penalização como continuidade. Aécio e Yeda anunciaram que pretendem articular um bloco para repactuar a distribuição da receita tributária e por fim à guerra fiscal. - Estamos chegando a 80% da receita tributária concentrada nas mãos da União. Precisamos encontrar uma fórmula nova e definitiva de ressarcimento de pelo menos parte das perdas aos estados - disse o mineiro. O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), não participou da reunião, apesar de ter retornado ontem de uma viagem aos EUA. Aécio disse que "nem sabia que ele já havia retornado".

*Especial para O GLOBO