Título: Piloto do dossiê é servidor de governo petista
Autor: Paulo Yafusso
Fonte: O Globo, 15/11/2006, O País, p. 12

Tito Lívio , que ia transportar parte do R$1,7 milhão, foi cedido anteontem para gabinete de tucano na Assembléia

CAMPO GRANDE. O Piloto Tito Lívio Ferreira Júnior, procurado por petistas para transportar de São Paulo para Cuiabá parte do R$1,7 milhão que seria usado para comprar o dossiê contra tucanos, é funcionário do governo petista de Mato Grosso do Sul, lotado na Agência Estadual de Empreendimentos (Agesul). O Diário Oficial do estado de anteontem publicou portaria cedendo-o para a Assembléia. No depoimento ao delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, no último dia 8, em Campo Grande, o Piloto omitiu informações. Disse que prestou serviços a vários órgãos do governo do estado de Mato Grosso do Sul, mas não revelou que era funcionário do governo. Ferreira presta serviços para a MS Táxi Aéreo e foi chamado para transportar o dinheiro do dossiê em meados de setembro. O dossiê ligaria políticos do PSDB à máfia dos sanguessugas. No depoimento, o Piloto disse que a pessoa que o procurou em São Paulo para fazer o transporte é Valdebran Padilha, do PT de Mato Grosso, preso num hotel na capital paulista com o dinheiro, junto com Gedimar Passos. Em 1996 o governo vendeu os aviões que possuía. O secretário de Gestão de Pessoal e Gastos, Ronaldo Franco, disse que Ferreira é Piloto concursado e, com a venda dos aviões, ficou sem função, já que, como servidor concursado, não pode ser removido para outra atividade. Franco disse que o salário de um Piloto gira em torno de R$2 mil e não há impedimento para que Ferreira trabalhe para empresas privadas. Segundo a Assembléia Legislativa, Ferreira está à disposição do gabinete do deputado estadual Waldir Neves (PSDB), eleito deputado federal este ano. O Piloto trabalhou para os tucanos na campanha eleitoral . O dono da MS Táxi Aéreo, Arlindo Barbosa, prestou depoimento a Curado e, perguntado se ele conhecia Valdebran Padilha, negou. A PF descobriu que duas sobrinhas dele são sócias de Valdebran em Mato Grosso. Barbosa disse que só foi informado pelo irmão da sociedade depois do depoimento. A PF informou que ele pode ser indiciado por falso testemunho.

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