Título: Amorim sai em defesa da Bolívia e cobra mais investimentos de bancos
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 15/11/2006, Economia, p. 33

Para ministro, instituições deviam financiar integração sul-americana

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, relativizou ontem os problemas que o Brasil tem enfrentado na Bolívia, após o país nacionalizar suas reservas de petróleo e gás, há pouco mais de seis meses. Para Amorim, não há crise. - Crise? Que crise? Isso tudo foi muito aumentado. Houve muita retórica em torno do tema, mas as negociações nunca foram rompidas. Chegou-se a um acordo muito positivo na parte mais difícil e mais vital para nós, sobre suprimento. O empreendimento continua sendo viável economicamente, isso é que é importante. E é considerado mais justo do ponto de vista da Bolívia. Segundo o ministro, o Brasil não pode tratar os investimentos na Bolívia "como se fosse uma mina de ouro de onde só se extrai riqueza": - Nosso interesse é ter o suprimento de gás, o que ajudou a economia da Bolívia. É preciso levar em conta que estamos tratando com um país pobre, que foi explorado sempre e que está passando por um processo de transformação social complexo. Vamos (negociar) na diplomacia do diálogo, mas com firmeza - disse Amorim, que participou ontem da 40ª Assembléia Anual Latino-Americana, no Rio.

Chanceler vê oportunidade em obras de infra-estrutura

Amorim cobrou dos bancos investimentos na integração da América do Sul, que continuará sendo prioritária para o país: - A participação de empresas brasileiras em obras de infra-estrutura no continente abre espaço para oportunidades para o setor financeiro. E, as empresas brasileiras estão se multinacionalizando, o que demanda financiamentos. Por que não com a participação do setor financeiro privado? O vice-presidente de administração e finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ex-secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, também presente ao evento, disse que o Brasil pode conseguir o grau de investimento até 2008 e defendeu a contenção dos gastos públicos. Segundo ele, a instituição está disposta a investir no setor imobiliário brasileiro.