Título: Lula prolonga negociação e só deve concluir o novo Ministério em 2007
Autor: Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 18/11/2006, O País, p. 4

Presidente vai esperar que Senado e Câmara escolham seus presidentes

BRASÍLIA. Em conversas com aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a reforma ministerial só deverá ocorrer no início de 2007. Até lá, segundo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, poderá haver pequenas mudanças, com a substituição de dois ou três ministros. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que esteve ontem com Lula, disse que as negociações poderão se arrastar até março.

O presidente tem demonstrado a intenção de esperar a eleição das Mesas da Câmara e do Senado, em fevereiro, para só então fechar a equipe ministerial do segundo mandato. Lula quer levar em conta o peso de cada partido após a escolha dos presidentes das duas Casas para decidir qual será a participação desses aliados no governo.

Reforma pode ser concluída apenas em março

Segundo Tarso, o presidente não tem pressa:

- O presidente não tem a pressa e nem o compromisso de apresentar o Ministério totalmente reformado até o fim do ano. Pode ser que até o fim de dezembro se tenha dois ou três ministros modificados. E, depois, ao longo de janeiro, vá se compondo o resto - afirmou Tarso, confirmando também a tendência de se esperar o novo Congresso, a partir de 15 de fevereiro: - É provável que sejam nomeados alguns ministros em janeiro, fim de janeiro, começo de fevereiro, adequando o ritmo político de formação do governo à própria composição da coalizão e ao respaldo parlamentar que deve ter.

Na conversa com Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o senador José Sarney (PMDB-AP), Lula repetiu que não tem pressa e disse que não conversou sobre o assunto com seus ministros mais próximos, como Tarso e Dilma Rousseff (Casa Civil).

- Esse é um cenário possível (de a reforma ser concluída em março). O presidente vai esperar o máximo que puder antes de deflagrar esse processo. Antes de definir qualquer coisa, ele acha que seus aliados precisam construir o tipo de governo de coalizão que desejam participar - disse Renan.

Se não houver acordo com o PMDB, e o partido ficar com as presidências da Câmara e do Senado - pleito que foi levado ontem a Lula por Renan e Sarney - o partido terá uma participação menor no primeiro escalão do governo. Até lá, Lula vai tentar negociar com o PMDB a reeleição de Renan e a do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB/AL).

Renan, candidato à reeleição, fez um alerta:

- Não dá para misturar isso (participação no governo) com a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado. É preciso levar em conta a independência dos Poderes.

Para Tarso, porém, o novo Ministério e distribuição do poder dos partidos no Congresso estão vinculados.