Título: ENCONTRO DE LULA E TEMER DIVIDE PMDB
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 21/11/2006, O País, p. 4

Governistas do partido são contra: Renan, convidado, diz que não irá

BRASÍLIA. A idéia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter o PMDB unido apoiando seu governo esbarra agora em nova dificuldade: o grupo governista do partido não concorda com a interlocução entre Lula e o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu que não irá na audiência entre Lula e Temer, prevista para amanhã, quando o partido será formalmente convidado a integrar um governo de coalizão.

O encontro, de caráter institucional, foi acertado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e Temer. Convidado por Temer para acompanhá-lo na audiência, Renan decidiu não ir porque não aceita que as negociações do partido passem pelo presidente do PMDB. Renan considera que Temer, que sempre fez oposição ao governo Lula e apoiou o tucano Geraldo Alckmin, não tem representatividade para participar dos entendimentos com o governo Lula.

- Não fui convidado. Não irei. Minha presença é desnecessária - afirmou Renan, que recebeu o convite de Temer no sábado, no funeral do senador Ramez Tebet (PMDB-MS).

Temer tem dito que a recusa de Renan a seu convite se trata de uma atitude divisionista. Hoje, Temer vai escolher os integrantes da Executiva do partido que irão acompanhá-lo, juntamente com o presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, que já confirmou presença.

O encontro entre Lula e Temer representa uma derrota para o grupo governista liderado por Renan, pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e pelo deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), que consideram desnecessária a presença do presidente do partido nos entendimentos. Este grupo já trabalha para substituir Temer na presidência do PMDB na convenção prevista para março de 2007.

Lula receberá de Temer documento de governadores

Temer vai entregar a Lula o documento assinado pelos governadores eleitos Roberto Requião (PR), Luiz Henrique (SC), André Puccinelli (MS) e Germano Rigotto (RS) - que está encerrando seu mandato - no qual eles defendem uma negociação institucional para que o PMDB participe da coalizão.

Temer diz que não pretende levará propostas a Lula, mas ouvir o que ele tem a dizer sobre o governo de coalizão.