Título: AUMENTO NO CONSUMO ELEVARÁ PREÇOS DO ÁLCOOL
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 21/11/2006, Economia, p. 19

Adição extra à gasolina, de 23%, vai deixar combustíveis mais caros no médio prazo, alertam distribuidoras

Apesar de no curto prazo o aumento do percentual do álcool anidro na gasolina, de 20% para 23%, provocar uma pequena redução nos preços da gasolina, no médio prazo a medida vai resultar em novos aumentos de combustíveis. O alerta foi feito pelo Diretor de Tributos do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Dietmar Schupp, ao comentar a adição extra de anidro à gasolina, que entrou em vigor ontem.

- Não se sabe de quanto será, mas o maior consumo de anidro vai provocar uma pressão de alta de preços no álcool anidro e também no hidratado - destacou Dietmar.

Segundo o executivo, os 3% a mais de adição do anidro na gasolina vão representar um aumento no consumo do produto de mais 60 milhões de litros por mês. O período de entressafra, que começa este mês e vai até o fim de março, representará menos 300 milhões de litros nos estoques dos usineiros. E segundo o diretor do Sindicom, mesmo que não falte álcool - como ocorreu no início deste ano - com certeza o maior consumo provocará alta de preços.

- Os usineiros garantiram que não faltará produto, mas não falaram a que preço será vendido o produto - destacou Dietmar.

No curto prazo, o aumento da parcela de anidro - mais barato - na gasolina vai representar uma pequena redução de preços do combustível. Conforme estimativas do setor, no Estado do Rio de Janeiro, caso a redução seja repassada pelas distribuidoras e revendedores, o impacto será uma queda de 0,8%, cerca de R$0,02 por litro. Já em São Paulo a redução é de 1,65%, ou R$0,04 por litro. Com isso, o litro da gasolina vendida no Estado do Rio, que está custando em média R$2,491, poderá passar para R$2,471 na média.

Os executivos do setor alertam, contudo, que mesmo essa pequena queda poderá demorar alguns dias para chegar aos consumidores, ou até mesmo não chegar.

A redução de preços nas bombas vai depender, segundo técnicos do setor, dos estoques das distribuidoras e dos postos, que, somados, são suficientes para cerca de dez dias. Além disso, a queda de preços aos consumidores pode não chegar caso as distribuidoras ou os postos decidam aumentar suas margens de lucro.

A mistura do anidro na gasolina era de 25% e foi reduzida para 20% desde março, para conter a disparada de preços causada pela falta do álcool na entressafra e pelo crescimento das exportações de açúcar.