Título: MP PEDE CASSAÇÃO DE GOVERNADOR DE GOIÁS
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 23/11/2006, O País, p. 5

Procuradoria abriu ações contra outros 20 candidatos suspeitos de compra de votos, uso da máquina e propaganda irregular

GOIÂNIA. O Ministério Público Federal em Goiás pediu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO) a cassação do governador reeleito do estado, Alcides Rodrigues (PL), por uso eleitoral da máquina pública. Além de Rodrigues, o Ministério Público pede a cassação de outros 20 candidatos a cargos legislativos por irregularidades como compra de votos, uso da máquina e propaganda irregular. Entre eles, estão o senador eleito e ex-governador Marconi Perillo (PSDB), o deputado federal Sandro Mabel (PL), citado no escândalo do mensalão, e o deputado federal eleito Pedro Wilson (PT), ex-prefeito de Goiânia.

Rodrigues e Perillo são acusados de uso do programa Renda Cidadã, espécie de Bolsa Família goiano, com finalidade eleitoral. Durante a campanha, o benefício subiu de R$60 para R$80, e em pontos de troca dos cartões foram encontrados santinhos de candidatos da coligação PSDB/PP. Rodrigues era vice de Perillo e assumiu quando o tucano foi disputar o Senado.

Mabel é acusado de fazer propaganda irregular

Em Luziânia, um bar funcionava como ponto de recolhimento de notas fiscais entregues pelos beneficiários (exigência do programa) e comitê eleitoral de Rodrigues, Perillo e dos candidatos a deputado estadual e federal Marcelo Melo e Lisório Meireles. Em Jupuaci, o vereador Luiz Carlos Gonçalves, junto com o benefício, entregava santinhos dos candidatos tucanos a deputado federal e estadual Leonardo Vilela e Honor Cruvinel e pedia votos para Rodrigues e Perillo. Cruvinel é ex-secretário estadual de Cidadania e Trabalho. As evidências levaram o procurador a pedir a cassação do registro da candidatura ou do diploma do governador e senador eleitos e de outros 19 candidatos. As representações aguardam julgamento no TRE.

A assessoria do Palácio das Esmeraldas informou que a troca dos cartões foi suspensa assim que o Ministério Público detectou as irregularidades.

- Essas coisas acontecem sem que o governador fique sabendo - disse o assessor especial Batista Cardoso.

Mabel é acusado de usar publicidade de sua empresa, a fábrica de biscoitos Mabel, para fazer campanha subliminar. A Mabel ganhou prêmios de responsabilidade social e fez propaganda na TV do prêmio. Para o MP, foi propaganda eleitoral.

- Não é propaganda de bolacha, mas de ações que supostamente o habilitam ao cargo de deputado - disse o procurador.

O deputado foi procurado mas não retornou as ligações.

Pedro Wilson (PT) é acusado de uso da máquina. No dia 19 de setembro o superintendente do Incra em Goiás, Ailtamar Carlos da Silva, embarcou em um carro do instituto rumo a a um assentamento em Rialma. Segundo testemunhas, ele distribuir santinhos do petista ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A assessoria do petista nega.

- Não há prova. O superintendente do Incra esteve em Rialma a serviço e se houvesse irregularidade o candidato não teria responsabilidade - disse o assessor José Carmo.