Título: EUA PLANEJAM AUMENTAR AJUDA MILITAR AO LÍBANO
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Fonte: O Globo, 23/11/2006, O Mundo, p. 33

Verba deve crescer consideravelmente, revela fonte. Em clima de pessimismo, libaneses velam ministro assassinado

BEIRUTE. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, planeja aumentar a ajuda militar ao Líbano, temendo que o país mergulhe numa guerra entre facções após o assassinato do ministro da Indústria, Pierre Gemayel, na terça-feira. Segundo uma fonte no governo, Washington quer garantir solidariedade política e militar ao primeiro-ministro Fouad Siniora.

O caixão de Gemayel foi levado ontem do hospital, em Beirute, até sua cidade natal, Bekfaya, ao norte da capital. O ministro foi o sexto político contrário à influência síria a ser assassinado em dois anos. O crime aprofundou a crise entre a maioria anti-Síria e a oposição pró-Damasco, liderada pela guerrilha xiita do Hezbollah.

- Este é um país com medo do futuro - disse Mohammed Jassar, que decidiu deixar o Líbano após o conflito entre a milícia e Israel.

Há duas semanas, os EUA assinaram um acordo para enviar ao Líbano US$10,5 milhões em ajuda militar. Os fundos são parte de uma promessa de US$40 milhões. A fonte não revelou em quanto a verba aumentaria.

- Estamos buscando mais fundos no orçamento, consideravelmente mais - disse ela.

Bush ligou ontem para Siniora para "oferecer apoio à independência do país contra intrusão de Irã e Síria".

Num clima de choque, revolta e pessimismo, milhares de pessoas acompanharam o caixão de Gemayel em Bekfaya, enquanto o líder druso Walid Jumblat e Saad Hariri, filho do ex-premier Rafik Hariri, morto em 2005, alertavam sobre a possibilidade de novos atentados.

- Parece que o regime sírio vai continuar com mais assassinatos. Podem tentar matar outro ministro - advertiu Jumblat.

Siniora pediu que a ONU investigue o crime, e líderes políticos pediram aos libaneses que participem hoje do funeral de Gemayel. No Vaticano, o Papa Bento XVI pediu aos libaneses que tomem cuidado com "as forças obscuras que tentam destruir o país".

Com o Washington Post